Por 127 votos a 96, professores da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) rejeitaram adesão à greve nacional por indeterminado, iniciada nesta quinta-feira (24) em 27 universidades federais. A votação ocorreu na tarde de ontem em assembleia geral da Adufmat (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso). Na quarta-feira (23), os estudantes também rejeitaram entrar em paralisação, com 733 votos contra e 527 a favor. No entanto, dois blocos do campus em Cuiabá (IL e ICHS) estão ocupados por manifestantes.
A apesar de os docentes terem decido pela continuidade do calendário escolar, conforme destacou o professor Elifas Gonalves Junior, do Departamento de Medicina, a divergência da categoria foi de procedimento. Nesse sentido, a professora do Departamento de Agronomia, Sânia Lúcia Camargos, afirmou que “motivos não faltam para entrar em greve. No entanto, esse não seria o momento, pois a greve ficaria esvaziada”. Outros docentes contrários ao movimento paredista indicaram que a greve prejudicaria ainda mais o calendário acadêmico.
Para os docentes favoráveis à ferramenta mais forte da luta dos trabalhadores, o calendário acadêmico é o menor dos motivos de preocupação, diante dos 20 anos de prejuízo que a PEC 55 oferece à toda sociedade brasileira. “Esse não é um problema de ‘coxinhas’ ou ‘petrálias’. É um problema de disputa de projeto, de construção de um país”, disse o professor Dorival Gonçalves, do Departamento de Engenharia Elétrica.
A professora Sirlei Silveira, do Departamento de Sociologia e Ciência Política, destacou que a PEC 55 é um Projeto de Emenda Constitucional que altera a Carta Magna do país. “Essa PEC significa a subtração de direitos que conquistamos com a Constituição de 1988”, referindo-se à saúde, educação e previdência, que perderão centenas de bilhões em reais de investimentos nos próximos anos.
Nesta sexta-feira (2), às 15h, os professores abrem um debate sobre os efeitos da PEC 55 para a educação pública com participação do ex-reitor da UFG, Nelson Cardoso.
Como a posição da maioria dos docentes é contrária à PEC 55, apesar da não adesão à greve nacional, os docentes encaminharam outras ações: reconhecer a autonomia dos estudantes que estão ocupando a universidade, rechaçando toda e qualquer forma de criminalização do Movimento Estudantil; realizar mais debates sobre a PEC 55, as Reformas da Previdência e Trabalhistas, além da necessária auditoria cidadã da dívida pública; abrir diálogo com a população sobre a PEC 55 e outros ataques aos trabalhadores, por meio de recursos de comunicação como o busdoor.