Disparada dos insumos básicos para produção no campo afeta a rentabilidade dos produtores rurais do estado na safra 2022/2023, aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Nesta quarta-feira (14), a entidade apresentou o balanço e as projeções do segmento para os próximos períodos.
Os que mais sentiram o peso das despesas operacionais foram os sojicultores, com alta superior a 50% nos custos. De acordo com o relatório, os fertilizantes foram os principais responsáveis pela subida dos preços. Com o conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em fevereiro, a diminuição da oferta fez os preços “decolarem” quase 112% acima do registrado no ciclo passado. Vale lembrar que os russos são os maiores fornecedores do produto ao Brasil.
Além dos fertilizantes, sementes (+68,2%) e defensivos agrícolas (+27,4%) também pressionaram os ganhos dos agricultores.
Já as culturas de milho e algodão, os produtores também tiveram que lidar com margens de ganhos menores com o aumento de cerca de 30% nas despesas com produção. O milho foi o único produto a registrar números positivos em área plantada, produtividade e produção no comparativo anual.
“Além da alta do mercado externo, há uma grande procura interna, principalmente com a produção das usinas de etanol”, comenta Monique Kempa, coordenadora de inteligência de mercado agropecuário do Imea.
Mesmo com o incremento nos preços, o cenário tem afetado o ritmo da comercialização agrícola. “É uma mudança de comportamento do agricultor. Muitos que comercializaram de forma antecipada na última safra deixaram de aproveitar a grande valorização ocorrida no segundo semestre. Portanto, observamos que eles estão mais cautelosos nas negociações”.
O aumento também foi expressivo para a pecuária de corte. Isso porque os gastos com suplementação (+15,3%), aquisição de animais (+1,5%) e pastagem (+32,8%) ficaram mais salgados. Em 2022, com a mudança no ciclo pecuário após a grande retenção de fêmeas ocorrida no ano anterior, o volume de abate bovino subiu, mas o preço da arroba teve queda de 2,7% entre os machos e de 4,5% entre fêmeas.
Os dados vão de encontro às estimativas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que previam um 2023 de dificuldades para o agronegócio brasileiro com as instabilidades nos cenários nacional e internacional.