Verdade seja dita: a maioria dos brasileiros não tem o hábito de se planejar financeiramente e de pensar no futuro. Em consequência disso, não tem noção de qual será sua necessidade de renda após a aposentadoria. Prova disso é que menos de 10% da população brasileira possui um plano de Previdência Privada, o que demonstra uma dependência da Previdência Social, paga pelo governo federal, que certamente não será suficiente para manter uma boa qualidade de vida.
Diante deste cenário, a previdência complementar, ainda distante da realidade de muita gente, pode ser alternativa para complementar a renda no futuro. Sempre é tempo de começar, mas quanto mais cedo iniciar a contribuição, melhor. Assim, quando a chamada ‘melhor idade’ chegar será possível desfrutar dessa fase com mais tranquilidade e sem apertos financeiros.
Há luz no fim do túnel, no entanto, o caminho é longo caminho e cheio de obstáculos. Pesquisa encomendada pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e realizada pela DataFolha apontam que ainda é baixo o percentual de pessoas que possuem um plano de previdência complementar. Segundo o estudo “Seguros de Pessoas e Planos de Previdência – Percepção dos brasileiros sobre seguros de pessoas e planos de previdência”, divulgado em novembro de 2023, apenas 9% dos brasileiros entrevistados possuem este produto financeiro. O estudo indica que 85% dos entrevistados nunca tiveram previdência complementar e outros 6% já tiveram. Entre aqueles que possuem, 51% disseram que o objetivo é garantir uma reserva de dinheiro para o futuro, para a aposentadoria.
Apesar de o cenário ser desafiador, a pesquisa traz um dado animador, o de que 28% dos entrevistados têm a intenção de contratar previdência privada em 2024. Para especialistas em finanças, pensar no futuro agora é importante por vários motivos, a começar pela segurança de se ter uma vida financeira sem apertos, com objetivo de manter o padrão de vida atual.
Djully Mantoani, consultora de Negócios do Sicredi, afirma que a Previdência Privada é um planejamento financeiro preparado para quando chegar o momento da aposentadoria. Segundo ela, é comum pessoas que recebem altos salários durante a carreira tomarem um susto no momento da aposentadoria pelo INSS, que possui um teto (em 2023 ficou em cerca de R$ 7,5 mil), e serem obrigados a mudar drasticamente o padrão de vida, justamente por não terem se preocupado com o futuro. “Se a previdência complementar for pensada e iniciada cedo, o trabalhador recém-aposentado não terá com o que se preocupar. Poderá manter suas rotinas e desfrutar deste momento, prezando por sua qualidade de vida”, avalia Djully.
Quando começar a contribuir? Com quanto?
A consultora de Negócios do Sicredi afirma que não existe uma idade mínima e máxima para contratação de uma previdência complementar, mas frisa que quanto antes começar mais terá a ação dos juros compostos (juros sobre juros) sobre o valor que foi investido, o que tende a gerar uma rentabilidade melhor ao montante aplicado.
“Já com relação à quantia, isso depende da capacidade e da necessidade. O ideal é procurar um consultor e calcular uma média de quando irá se aposentar e qual a faixa de renda a pessoa terá e qual deseja. Depois é realizado um cálculo para entender o volume médio projetado que deverá se ter para trazer essa renda desejada. Na sequência é definida a forma de aporte e valores indicados, porém sempre adequando à realidade atual de cada pessoa”, explica Djully.
Ela lembra que os contratantes podem fazer aportes mensais (mais comuns), mas também podem fazer semestrais, anuais, aporte único, ou seja, com diferentes possibilidades.
PGBL ou VGBL?
No Brasil, existem dois tipos de previdência privada: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Saiba qual a diferença entre eles e o mais indicado para você. O PGBL é o tipo previdência recomendado para pessoas que fazem a declaração completa do Imposto de Renda. Aqui é permitido que o valor aportado durante o ano na previdência seja abatido no volume total de renda tributável anual até o teto de 12%. Por existir esse benefício fiscal durante o período de aporte, o imposto sobre o investimento só é pago na retirada, porém, sobre todo o valor acumulado e não apenas sobre o rendimento.
O VGBL é indicado para quem não faz a declaração de IR no formato completo ou já contribui com o volume de 12% da renda tributável anual no PGBL e deseja aumentar a sua contribuição. Nesse formato de previdência, no momento do resgate, o IR incide apenas sobre os rendimentos acumulados no período.
Em ambos os tipos, a tributação pode ser feita de forma regressiva ou progressiva, de acordo com a escolha do investidor.
Previdência Privada é um investimento?
A previdência privada é um seguro. Regulamentada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), ela é um seguro que utiliza fundos de investimento, que é um condomínio de pessoas, com cotas de recursos para fazer todo esse movimento. Porém, apesar de a pessoa fazer parte de um fundo, o recurso aplicado é dela, não é repartido com os demais investidores.
No Sicredi, os associados estão cada vez mais conscientes financeiramente, sendo orientados sobre a importância de cuidar do dinheiro. A adesão à Previdência Privada é um termômetro de que a educação financeira está sendo desenvolvida junto às comunidades onde a instituição financeira está presente. Para se ter uma ideia disso, o saldo da carteira de Previdência Privada deu um salto de 330% em cinco anos, passando de R$ 1 bilhão em 2019 para cerca de R$ 4,3 bilhões atualmente. “Isso é reflexo do planejamento realizado junto aos associados, das consultorias que oferecemos a eles e também um reflexo do mercado, já que as pesquisas indicam pessoas mais preocupadas com o futuro.
Fonte: Assessoria