Cidades

Preso da ‘máfia da saúde’ tinha cavalo de raça e carro de R$ 1 milhão

Operação de combate à máfia da saúde apreende carros importados no Rio (Foto: Divulgação / Secretaria de Segurança Pública do Rio)

Quando a Policia Rodoviária Federal prendeu Walter Pelegrine Junior na manhã desta quarta-feira (9), durante a operação Ilha Fiscal – que teve como objetivo prender suspeitos de pertencer à "máfia da saúde", acusada de fraudar mais de R$ 48 milhões em contratos com a prefeitura –, ele chegava em sua fazenda em Vassouras, no interior do Rio, dirigindo um carro Bentley avaliado em mais de R$ 1 milhão. Em sua propriedade, segundo investigação do Ministério Público, havia cavalos de raça, carros e artigos de luxo, que mostravam uma vida de ostentação do presidente da Organização Social de Saúde Biotech.

De acordo com o Ministério Público, ele e seu irmão, Wagner, declaravam possuir residência em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, mas possuíam dois apartamentos cada em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Os dois são acusados de serem os mandantes do esquema que desviou pelo menos R$ 48 milhões. Os recursos eram encaminhados para a empresa dos irmãos pela prefeitura do Rio, para a manutenção de hospitais, como o Pedro II, em Santa Cruz, e o Ronaldo Gazolla, em Acari. 

A operação cumpriu nove mandatos de prisão e 16 de busca e apreensão. Nesta quarta-feira (9), foram apreendidos carros importados, como duas Ferraris, e cerca de R$ 500 mil em espécie.

 "Eles não possuíam um estilo de vida barato. Havia cavalos de raça, carros e relógios de luxo, entre outros artigos. Apreendemos tudo e vamos tentar restabelecer o erário público no valor comprovadamente desviado  ", explicou o coronel Sérgio Ribeiro, da Coordenadoria de Segurança e Inteligência.

Esquema
A Biotech recebeu pelo menos R$ 564 milhões em contratos com a prefeitura para administrar os hospitais municipais Pedro II e Ronaldo Gazzolla, a partir de janeiro de 2012.

"Eles contrataram oito empresas que forneciam equipamentos e medicamentos, que eram de propriedade de amigos e parentes, e repassavam esse dinheiro para eles. Os medicamentos eram comparados por essas empresas por até quatro vezes mais", explicou o promotor de Justiça Silvio Ferreira Neto, da Gais.

Segundo ele, as investigações continuam ainda hoje. "Vamos investigar se há a participação de outros agentes do município", garantiu. O contrato com a Biotech não foi suspenso e a empresa continuava funcionando até a manhã desta quarta-feira (9).

Denúncias e investigação
A operação, que teve apoio da Delegacia de Repressao ao Crime Organizado (Draco), começou a partir de denúncia ajuizada pelo MP-RJ contra 37 pessoas que integram a Organização Social de Saúde Biotech, responsável por gerenciar os hospitais municipais Pedro II e Ronaldo Gazolla. Os acusados foram denunciados pelos crimes de peculato e falsidade em organização criminosa.

Segundo investigação do Ministério Público, foram realizadas "inúmeras compras superfaturadas" e pagamentos por serviços não prestados, sempre a cargo de pessoas ligadas ao esquema que, assim, possibilitavam o retorno do dinheiro aos dirigentes da OS Biotech após saques milionários em espécie.

"Um deles, o policial Bruno, sacou R$ 9 milhões na boca do caixa", afirmou o promotor executivo da Gais, Silvio Ferreira Neto. 

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou nesta quarta-feira (9) que o prefeito Eduardo Paes determinou o afastamento imediato dos gestores da Biotech que administram os Hospitais Pedro II e o Hospital de Acari. A SMS informou, ainda, que vai determinar o ressarcimento de todo valor que tenha sido desviado.

Fonte: G1

Redação

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