Uma declaração dada pelo governador de Mato Grosso nesta quarta-feira (15), onde o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), sugeriu que juízes e desembargadores utilizem câmeras corporais, em resposta à discussão sobre o uso obrigatório de câmeras em policiais militares, medida defendida por alguns setores como forma de aumentar a transparência nas abordagens levou o presidente do Poder Judiciário de Mato Grosso, desembargador José Zuquim Nogueira, a se manifestar em defesa da magistratura mato-grossense, mostrando um ruído de comunicação institucional.
“A partir de uma falsa simetria e de forma irresponsável, o governador atacou gratuitamente as instituições do Sistema de Justiça, o que não é compatível com a posição a qual ocupa. O agente político, seja de que esfera for, deverá sempre se pronunciar com esmero e equilíbrio, diferentemente do lamentável episódio protagonizado pelo governador Quanto ao uso de câmeras pelos policiais militares, é necessário que se faça um estudo prévio, se a medida atingirá os fins almejados e quais serão seus efeitos. Sobre a extensão à juízes e desembargadores, afirmo que o Poder Judiciário prima pela observância do devido processo legal, com amplo direito de defesa para, afinal, concluir pela existência de desvio de conduta. Não se pode admitir que o Chefe do Poder Executivo, em uma entrevista pública, coloque em dúvida a honra e honestidade de todos os membros do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, como ocorrido. Por fim, mais uma vez, registro meu total repúdio à lamentável declaração, que desprestigiou todo o Sistema de Justiça e principalmente a magistratura mato-grossense”.
Entenda o caso:
Mendes criticou a proposta sobre o uso obrigatório de câmeras em policiais militares, medida defendida por alguns setores como forma de aumentar a transparência nas abordagens, afirmando que a obrigação de monitoramento nos uniformes policiais reflete uma inversão de valores. “Se querem mais transparência, por que não começar pelo Judiciário? Que os magistrados usem câmeras corporais e mostrem como são tomadas as decisões nas audiências e julgamentos”, declarou o governador.
A fala gerou reações imediatas em meio ao Judiciário. A Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam), assim como o presidente da corte da Justiça também repudiou a declaração, classificando-a como ofensiva e prejudicial à confiança nas instituições. O episódio intensificou o debate sobre os limites do uso de tecnologia no monitoramento de autoridades e servidores públicos.