Economia

Presidente do BC disse que a inflação estaria em 9% sem redução de impostos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atribuiu a queda dos índices de inflação nos últimos meses aos cortes de impostos, em especial os que recaem sobre os combustíveis e energia elétrica. Segundo Campos Neto, se não fossem as reduções, "a inflação estaria em 9%, e não em 5,8%".

A fala foi feita na última quinta-feira (19), durante uma palestra na UCLA Anderson School of Management, na Califórnia, nos Estados Unidos. Na ocasião, ele defendeu a manutenção da taxa Selic.

Mesmo reconhecendo que a "taxa de juros está alta", Campos Neto argumentou que o movimento é global e que um corte em curto prazo não funciona atrair investimentos. "Não ajudaria em nada cortar juro de curto prazo, porque os investimentos usam taxas de longo prazo."

A defesa vai de encontro ao que tem pleiteado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele sustenta que há um "descompasso" entre a taxa Selic e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede o aumento dos preços. Em encontro com reitores de universidades, Lula disse que "a gente poderia nem ter juros". O presidente tem questionado a lei que garante independência do BC.

Em resposta às declarações do governante, Campos Neto disse que "Lula se orgulha de Henrique Meirelles [ex-presidente da instituição monetária] ter sido independente no BC" e que criticar a lei não significa questionar a independência. "[Lula] Acha que não precisa da lei, porque ele garante a independência sem lei", afirmou o comandante do BC.

"Olhando para o Brasil, vemos que o mercado seria muito mais volátil se não houvesse a independência em lei", ponderou Campos Neto, divergindo da opinião do presidente da República. "Seria uma questão que adicionaria mais volatilidade na curva longa de juros", completou.

Conversibilidade do real

O presidente do Banco Central disse ainda que a instituição busca alcançar a conversibilidade do real a outras moedas. Isso possibilitaria, por exemplo, a abertura de contas em dólares no Brasil, no futuro.

"A conversibilidade da moeda não é algo que se faz, é algo que se ganha com credibilidade e estabilidade", afirmou Campos Neto, que ponderou que o processo é longo.

Redação

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