Atualmente o preço oscila entre R$ 9,99 a R$ 12,99 /kg, segundo informações do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do estado de Mato Grosso (Sindipan). Somente em setembro o preço do pão aumentou em 15%. A alta foi registrada em todo o país e se deve a falta de trigo para a produção de farinha, produto que atualmente esta 120% mais caro do que no início do ano.
De acordo com o vice-presidente do Sindipan, Rodrigo Nogueira Manuel, o preço do pão francês é o mais alto dos últimos 10 anos, custando R$ 0,35 por unidade. No mesmo período do ano passado o preço era de R$ 0,12. “Nesses últimos 10 anos nunca tínhamos chegado nesse patamar, desde 1999 não temos uma alta tão intensa”, afirmou.
Apesar da alta nos preços, o venda do pão francês não foi totalmente afetada, pontuando com uma queda de apenas 3%. Já os produtos da chamada “linha especial”, ou seja, pães doces, integrais, roscas e sonhos, tiveram uma queda de 18% nas vendas no estado, segundo Rodrigo Nogueira. “O consumidor não fica sem nenhuma linha de pão, acaba economizando na compra de outros produtos e fluindo para o pão francês que é mais popular”, afirmou Nogueira ao G1.
A alta do preço já está sendo sentido nas padarias, mas algumas preferiram não repassar ainda o valor para os consumidores, como afirma o empresário Marcelo Silveira, que administra uma panificadora no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá. “Estamos segurando o preço para não repassar para o consumidor final, por isso não sentimos o impacto na venda, mas sim nos lucros. Estamos esperando que a situação esteja mais estável para mudar o preço”, explicou.
Motivo – A falta de trigo é o principal fator para a alta. Segundo o presidente do único moinho do estado, Otto Emerson Letos, a área plantada foi menor este ano e fatores climáticos interferiram na qualidade e quantidade da produção do grão. Além da alta do dólar e da restrição imposta pela Argentina, que parou de exportar trigo em 2013 devido a quebra da última safra – o país vizinho era o principal fornecedor do grão para o Brasil.
“Hoje o problema não é só pagar o preço que se está pedindo, é também onde comprar, os estoques estão acabando. Agora estamos comprando até dos Estados Unidos e quanto mais longe se compra mais caro fica”, explicou Letos. Segundo informações divulgadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, desde junho de 2008, o Brasil não importava tanto trigo.
Até julho de 2013 o Brasil recebeu 672,6 mil toneladas do grão. Os preços externos nos sete primeiros meses de 2013 estiveram, em média, 35% superiores ao mesmo período do ano passado.
Tendência – O presidente do Sindipan, Carlos Polaco Fabian, declarou que não é possível afirmar se o preço do pão francês ainda vai aumentar, devido às oscilações do mercado de trigo. Para Letos, a expectativa é que os preços baixem com o início da nova safra. No Brasil, a safra de trigo passada diminuiu para 4,3 milhões de toneladas, ante 5,7 milhões de toneladas na temporada anterior. A próxima colheita brasileira pode se recuperar para 5,6 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura. No entanto, a nova produção só chega ao mercado nos próximos meses.
Fonte: G1