Os preços dos carros no Brasil considerados excessivamente caros pelos consumidores estão relacionados com a cotação do dólar, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. Ele participa de reunião com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, para discutir o momento do setor.
Segundo Moan, em 2004 o Brasil tinha o "carro mais barato do mundo". "Já tivemos carro mais barato do mundo por várias ocasiões. Não faz tempo. Em 2004, tivemos o carro mais barato do mundo. Depende da taxa de câmbio. A taxa de câmbio hoje é altamente prejudicial à competitividade do setor", declarou Moan a jornalistas.
No início daquele ano, a cotação do dólar, tendo por base a média das taxas diárias medidas pelo Banco Central, a chamada Ptax, estava em R$ 2,88. No fim do primeiro semestre de 2004, estava em R$ 3,10, mas depois recuou, terminando aquele ano em R$ 2,65. Nesta terça-feira (7), o dólar opera ao redor de R$ 2,40. Dólar mais alto barateia as exportações e torna as compras do exterior mais caras.
"Em 2005, exportamos 930 mil veículos e tínhamos um câmbio de R$ 2,50. Oito anos depois, estamos com o mesmo câmbio, enquanto os países competidores, hoje, desvalorizaram sua moeda neste mesmo período. Precisamos fazer uma análise qualitativa além de uma análise quantitativa [preço do carro]", disse o executivo.
Mercado interno
Segundo ele, o desempenho não só do setor automobilístico, mas da economia brasileira como um todo, está relacionado, principalmente, com o mercado interno, e não com as vendas ao exterior."O que eu coloco claramente é que a economia brasileira depende basicamente do desenvolvimento do mercado interno. Diferente de alguns outros países que, por questão geoeconômica, escolheram a exportação como base de sua economia. O Brasil tem como motor seu mercado interno. O que eu disse é que estimular o mercado interno só pode estimular o crescimento das vendas", afirmou Moan.
Acordo com a Colômbia
Mesmo assim, o presidente da Anfavea afirmou que o setor está costurando um acordo automotivo com a Colômbia para "abrir novos mercados", uma vez que a Argentina, principal importador de veículos brasileiros, passa por uma crise econômica e está comprando menos carros brasileiros."Estamos trabalhando na abertura de novos mercados, especialmente com a Colômbia. Acredito que, ainda em novembro, a gente possa apresentar para os dois governos [brasileiro e colombiano] uma proposta do setor privado. Estamos trabalhando. Como vai ser detalhe, não dá pra saber ainda", afirmou Luiz Moan a jornalistas.
Ele declarou ainda que os fabricantes de veículos no Brasil estão "cumprindo normalmente" o acordo de não demissão em troca da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor acordado com o governo federal."Não há nenhuma dificuldade quanto a isso. Férias coletivas, lay off [contrato de trabalho suspenso, sem receber nada, ao invés de demitir], compensação de banco de horas. São todos mecanismos de proteção do emprego. Está tudo bem", concluiu o presidente da Anfavea.
G1