Apesar das dificuldades e instabilidades do quadro econômico, o brasileiro não perde as esperanças para o futuro. Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revela que 3 em cada 4 pessoas têm sentimentos positivos quanto a 2023 e acreditam que o ano que se inicia neste domingo (1º) será melhor em relação ao ano passado.
Segundo o estudo, 74% da população esperam melhora no âmbito pessoal e familiar e entendem que a economia já está se recuperando. A situação financeira, por sinal, é o tópico mais citado pelos entrevistados como o principal fator para a recuperação, ficando à frente de outras áreas como saúde física e mental, trabalho, relações pessoais, lazer e moradia.
Uma das mais animadas para o novo ciclo é a comerciante Creuza Andrade. Ela entende que a superação de momentos conturbados ajuda a elevar as expectativas para 2023. Pelo prisma do consumo, é fácil entender o porquê: mais de 80% disseram que compraram menos ou apenas mantiveram o padrão do ano anterior em função da disparada de preços das mercadorias.
“Felizmente, muitos desses problemas, como a pandemia, já passaram pelas suas piores fases e acredito que a troca de governo será fundamental para concretizar essa projeção”, comenta a comerciante.
A confiança externada por Creuza é uma tendência evidenciada de que o otimismo é maior entre as mulheres, de acordo com o sociólogo Antonio Lavareda, do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). “Também aponta perspectivas otimistas quanto à queda do desemprego, aumento do acesso ao crédito e do poder de compra, acompanhadas de cautela em relação à taxa de juros, inflação e custo de vida”.
Expectativa x Realidade
O otimismo da população pode esbarrar em conjecturas geopolíticas. Diante do cenário atual, o mercado prevê que a economia internacional entre em recessão com a escalada dos juros nas maiores potências globais. Devido a isso, parte dos economistas acredita que o PIB brasileiro não tenha crescimento real em 2023.
“A economia global vai crescer pouco, e isso atrapalha. Além disso, já estamos vendo alguma queda em preços de commodities, o que já começou na metade deste ano. São fatores domésticos e externos puxando a atividade para baixo. Ou seja, vai ser um ano desafiador no mundo todo”, analisa o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles.
O que dizem as pessoas nas ruas
“Estou bem pessimista com o modelo de governo do novo presidente, tanto nos âmbitos econômico e educacional como na questão dos costumes. Acredito que será um desastre completo, infelizmente. Mas espero estar errada. Afinal, estamos todos no mesmo barco”.
Aparecida Miranda, aposentada;
“Todos os sinais indicam dificuldades. Praticamente todos os produtos tiveram alta acentuada de preços e o volume de vendas ficou aquém do esperando, mesmo nos meses mais movimentados, como dezembro. Ainda assim, sigo otimista. Não podemos perder a esperança”.
Mara Rodrigues, empresária;
“Acredito que as coisas vão melhorar porque o Brasil tem todos os requisitos para decolar. Após o pico da pandemia, mesmo com o registro de novos casos, as pessoas já sabem lidar com a doença e o mercado de trabalho só tende a crescer após o período mais turbulento”.
Eleison Rondon, servidor público;
“Estou bastante confiante porque, depois de todas as dificuldades, o consumo tem retomado o ritmo de crescimento, o que gera mais emprego, renda e qualidade de vida para a sociedade. Temos que fazer a nossa parte porque coisas boas vem para quem faz acontecer”.
Fabrício Alfonso, personal trainer;