Cidades

PM usa bombas para dispersar alunos após bloqueio em avenida

Estudantes da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, ocupada contra a reorganização educacional do Governo, fecham a Marginal Tietê, próximo a Ponte do Piqueri, sentido Castelo Branco, na manhã desta terça-feira (1) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)

 

A Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar, pouco depois das 21h desta terça-feira (1º), uma manifestação de estudantes na Avenida Nove de Julho, próximo ao Viaduto Júlio de Mesquita Filho, no Centro de São Paulo. Pelo menos quatro pessoas foram detidas. Os alunos protestaram contra a reorganização da rede de ensino estadual e usaram, desde as 18h30, cadeiras para bloquear os dois sentidos da via.

Às 21h, os policiais negociavam com os estudantes na tentativa de liberar a avenida. Não houve acordo e os policiais marcharam em direção aos estudantes batendo com os cassetetes nos escudos.

Os policiais dispararam bombas de efeito moral contra o grupo de alunos. Houve correria. Sacos de lixo e outros objetos foram espalhados pelo asfalto. A confusão prejudicou o trânsito de ônibus, que ficaram parados no corredor da avenida em meio ao tumulto.

Ainda de acordo com a corporação, o protesto começou por volta das 18h30. A Polícia Militar disse que cerca de 250 manifestantes participaram deste ato. Os detidos serão levados para o 78º Distrito Policial, nos Jardins.

Alunos da rede estadual fizeram pelo menos três manifestações, bloqueando vias de São Paulo, durante esta terça. Eles são contra a reorganização da rede de ensino anunciada pelo governo do estado, que prevê ciclo único nas escolas. A reestruturação deve fechar 93 unidades de ensino. Desde o início de novembro, estudantes ocupam escolas estaduais contra o projeto.

Bloqueio na Avenida Nove de Julho na noite desta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)

Intervenção policial na Marginal
Um outro protesto de estudantes fechou a pista local da Marginal Tietê, na altura da Ponte do Piqueri, na manhã desta terça-feira (1º) em São Paulo. A manifestação foi feita por alunos da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, na Zona Norte da capital, ocupada contra a reorganização de ensino proposta pelo governo paulista.

O colégio vai fechar e vai ser disponibilizado para uso Centro Paula Souza ou fins educacionais da Prefeitura. Os manifestantes caminharam até a Marginal Tietê, carregando cadeiras usadas nas salas de aula e que foram usadas para fechar as pistas no sentido Ayrton Senna.

A Polícia Militar acompanhava a passeata e interveio quando houve o bloqueio sob a ponte, retirando os estudantes. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a corporação tentava "evitar o confronto entre motoristas que avançaram contra os manifestantes que bloqueavam a via".
Segundo a pasta, a PM usou uma bomba de efeito moral para dispersar a confusão. "Houve a necessidade de uso de força moderada para remover um adolescente que se recusava a deixar o local, mas que estava sendo ameaçado de agressão".

Bloqueio
A manifestação começou às 9h20 com ocupação de duas da direita da pista local da Marginal Tietê e terminou por volta das 11h10, com a liberação total da via. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a maior lentidão durante o protesto foi registrada no sentido Ayrton Senna, com 12,4 km de congestionamento nas pistas local, expressa e central.

Um outro grupo de alunos fez um protesto na manhã desta terça-feira na Avenida João Dias, na Zona Sul de São Paulo. Eles usam faixas e instrumento musical para protestar contra a reorganização escolar da rede de ensino paulista. Os manifestantes usavam mesas e cadeiras que representavam uma sala de aula durante o protesto.

Ocupações em escolas
Cerca de 190 escolas estavam ocupadas por alunos e manifestantes contrários à reestruturação do ensino estadual de São Paulo. O balanço foi divulgado nesta terça-feira pela Secretaria de Estado da Educação. O número é inferior ao apurado pelo Sindicato dos Professores (Apeoesp), que contabiliza 208 unidades paradas.

Nesta terça, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), publicou um decreto que autoriza a transferência de funcionários da Secretaria da Educação de uma escola para outra dentro do programa de reestruturação da rede estadual de ensino. A reorganização é motivo de protestos desde o dia 9 de novembro.

De acordo com o decreto, publicado no Diário Oficial do estado, a transferência vale para "casos em que as escolas da rede estadual deixarem de atender um ou mais segmentos, ou, quando passarem a atender novos segmentos".

Isso porque a reorganização da rede tem como um dos objetivos organizar as escolas por ciclos, segundo o governo de São Paulo, tentando concentrar alunos de uma mesma faixa etária nas escolas.

O decreto do governador Geraldo Alckmin não especifica o número de professores e funcionários de apoio que deverão ser transferidos. A Secretaria da Educação divulgou no início de novembro que 94 escolas seriam fechadas no processo de reestruturação.

Reunião
Em reunião com dirigentes de ensino, o chefe de gabinete da Secretaria da Educação Fernando Padula Novaes, braço direito do secretário Herman Voorwald, afirmou que é preciso adotar “tática de guerrilha” para acabar com o movimento. O encontro foi realizado neste domingo (29) na sede da pasta na Praça da República, no Centro da capital paulista.

O site Jornalistas Livres acompanhou o encontro e divulgou o áudio da reunião, onde a gestão prepara estratégias para desmoralizar as ocupações. Na gravação, o chefe de gabinete repete inúmeras vezes que todos ali estão “em uma guerra”. “A gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]”, afirmou.

Também no áudio, Padula fala sobre estratégias para isolar as escolas com ocupações com maior resistência. “Nessas questões de manipular tem uma estratégia, tem método. O que vocês precisam fazer é informar, fazer a guerra de informação, porque isso que desmobiliza o pessoal”, declarou.

Segundo ele, a ideia é ir realizando transferências e deixar “no limite” a escola invadida. O chefe de gabinete ressaltou que o máximo é que ocorrerá naquela escola é que “não começará as aulas como as demais”. O decreto que regulamenta a reorganização vai na contramão da proposta de diáologo com os manifestantes do governador Geraldo Alckmin.

A Secretaria de Estado da Educação anunciou no dia 23 de setembro uma nova organização da rede estadual de ensino paulista. O objetivo é separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental 1, ensino fundamental 2 ou ensino médio) a partir do ano que vem.

A proposta gerou protestos de estudantes e pais porque prevê o fechamento de 93 escolas, que serão disponibilizadas para outras funções na área de educação. Além disso, pais reclamam da transferência dos filhos para outras unidades de ensino.

O chefe de gabinete também afirmou que a polícia está fazendo fotos de quem está nas ocupações e registrado as placas dos veículos estacionados nas redondezas das escolas ocupadas para identificar se há carros da Apeoesp, representantes de partidos e movimentos sociais. Após identificar os proprietários, a Secretaria de Educação pretende entrar com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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