O plantio de soja está liberado em Mato Grosso a partir de sexta-feira (16). Mas em muitas propriedades o período estabelecido para o vazio sanitário não foi respeitado. Uma delas, na região do município de Lucas do Rio Verde, foi autuada pelos fiscais do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) no dia 12 deste mês, faltando três dias para o fim do prazo proibitivo.
No local, os técnicos detectaram uma plantação de 63 hectares da folhagem fora da época permitida. Este ano, das 11 mil propriedades cadastradas no Indea, foram autuadas cerca de 4.500, sendo 1.512 apenas no mês de agosto.
O período de 90 dias do vazio sanitário para a cultura da soja é obrigatório, exigindo ausência total de plantas vivas da oleaginosa. As diretrizes estão previstas na portaria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec -MT), determinando que os critérios são válidos tanto para plantação de soja “cultivadas” (semeadas pelo homem) quanto para as “graxas” (germinada voluntariamente).
Ou seja, cabe a responsabilidade de eliminação das plantas ao dono da propriedade, inclusive das plantas vivas que germinam aos arredores de armazéns ou à beira das estradas e ferrovias, desde que estejam dentro da área de seu domínio.
“É necessário respeitar o prazo de plantio, pois é justamente para evitar que a cultura fique exposta a mais tempo a ocorrência da ferrugem asiática, que é uma doença cíclica”, explicou Thiago Tunes, coordenador de Defesa Sanitária Vegetal do Indea, ao revelar que os números de autuações realizadas em 2016 se assemelham com os registrados no ano passado e que em muitos casos as propriedades são reincidentes.
O descumprimento da legislação acarreta em multa e destruição da lavoura. Os valores dependem do tamanho da área plantada. No caso da propriedade em Lucas do Rio Verde, a penalidade foi de 2 UPF’s mais 30 UPF’s por hectare.
Na Portaria 002/2015 também foi definido que a liberação do plantio da soja ocorrerá de 16 de setembro até 31 de dezembro. Dentro desse prazo, o Indea continuará executando as ações de fiscalizações, no caso, de rotina. A medida é necessária para verificar o controle da ocorrência da doença, ou se existe lavoura abandonada.
“O trabalho não cessa, vai até o final do período da colheita. O produtor é responsável pela realização do controle da ferrugem, utilizando mistura de fungicida registrada, que é composto pela mistura de diferentes ingredientes ativos de grupos químicos diferentes”, frisou Thiago.
Ferrugem
Para o controle da ferrugem asiática é estabelecido que o proprietário, arrendatário ou detentor de áreas cultivadas de soja faça no mínimo duas aplicações de fungicidas registrados, portanto, que tenham diferentes ingredientes químicos.
No entanto, se no ato da inspeção, o fiscal identificar plantas com sinais ou sintomas da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), notificará o proprietário a realizar imediatamente o tratamento das plantas com os fungicidas previstos, independente da quantidade de aplicações que tenha realizado.
Produção e exportação
A safra 2015 teve uma produção de 27,497 milhões de toneladas e para o próximo período a estimativa é de 29,385 milhões de toneladas do grão. Os maiores compradores do complexo soja mato-grossense são China, Holanda, Espanha e Tailândia. No acumulado até agosto deste ano foram exportadas 14,894 milhões de toneladas de soja em grão, 3.066 milhões de toneladas de farelo de soja e 147 mil t de óleo.