Segundo Ministério da Agricultura e Pecuária, caso de ração contaminada é inédito no Brasil
Beatriz Nunes, Itajaí
Uma contaminação em rações equinas já provocou a morte de 245 cavalos nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. A informação é do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), que recebeu primeira denúncia de ração contaminada em 26 de maio e conduz investigações desde então.
Neste domingo (13), o Mapa informou que o caso é inédito no país. “Esse é um caso único. Nunca, em toda a história do Ministério, havíamos identificado a presença dessa substância em ração para equinos. É a primeira vez que isso acontece”, afirmou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.
Entenda o caso de contaminação que matou 245 cavalos no Brasil
Na investigação feita nas propriedades onde houve a morte de cavalos, constatou-se que os equinos que adoeceram ou morreram consumiram produtos da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. Já os animais que não ingeriram as rações permaneceram saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.
Estudos indicaram presença residual de plantas com composto tóxico na ração. – Foto: Divulgação/Mapa/ND
Os resultados das amostras coletadas e analisadas pelos LFDA (Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária) constataram a detecção de alcaloides pirrolizidínicos (substâncias tóxicas, chamada de monocrotalina, e incompatíveis com a segurança alimentar animal)..
“Essa substância, mesmo em doses muito pequenas, pode causar problemas neurológicos e hepáticos graves. A legislação é clara: ela não pode estar presente em nenhuma hipótese”, reforçou o secretário.
A investigação aponta que a contaminação ocorreu por falha no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero crotalaria, responsáveis pela geração da monocrotalina.
Caso de ração contaminada está na Justiça
Diante das irregularidades constatadas, o Ministério instaurou processo administrativo fiscalizatório, lavrou auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de rações destinadas, inicialmente, a equídeos.
Posteriormente, a medida foi estendida para rações de todas as espécies animais. Porém, mesmo com a interdição determinada pelo Ministério, a empresa obteve na Justiça autorização para retomar parte da produção não destinadas a equídeos.
O Mapa já recorreu da decisão e informou que apresentou novas evidências técnicas que reforçam o risco sanitário representado pelos produtos e a necessidade de manutenção das medidas preventivas adotadas.
O Ministério informou que permanece atento a qualquer nova denúncia e que as ações de fiscalização seguem reforçadas, com foco na proteção da saúde animal e na segurança da cadeia produtiva.
“Estamos acompanhando de perto. Precisamos garantir que todo o lote contaminado seja recolhido e que nenhum novo caso aconteça”, concluiu Goulart.
O que a empresa diz
Na nota mais recente da Nutratta Nutrição Animal, divulgada em 18 de junho, a empresa esclarece que vem conduzindo investigações de campo com o objetivo de esclarecer os fatos.
A companhia reitera que os todos os lotes de rações para equinos fabricados a partir de novembro de 2024 foram recolhidos por determinação do Mapa como medida de precaução.
“Com mais de uma década de atuação no mercado prezando pela segurança alimentar, a Nutratta está tratando os fatos com extrema seriedade e se solidariza com todos os criadores que foram impactados nesse momento difícil”, finaliza a nota.
Foto Capa: Freepik/ND
Fonte: https://ndmais.com.br