Os deputados estaduais Romoaldo Júnior (PMDB) e Oscar Bezerra (PSB), o ex-deputado Emanuel Pinheiro (PMDB), hoje prefeito de Cuiabá, o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP) e mais ao menos cinco parlamentares já aparecem como citados em delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) de pagamento ou cobrança de propina em esquemas em Mato Grosso entre 2010-2014.
Nos casos mais recentes, reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, afirma entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal), um vídeo em que o prefeito Emanuel Pinheiro aparece recebendo dinheiro vivo na época em que foi deputado estadual no Mato Grosso, entre 2010 a 2014.
O conteúdo do acordo está mantido sob sigilo mesmo após sua validação pelo STF. Envolvidos nas investigações relataram que a entrega para Pinheiro registrada no vídeo teria acontecido entre os anos de 2012 e 2013 e que teria sido feita por Sílvio César Corrêa Araújo, ex-chefe de gabinete de Barbosa e seu braço direito no governo.
Araújo, que assim como Barbosa chegou a ser preso, também fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Hoje ele cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O pagamento, segundo Barbosa, seria uma espécie de "mensalinho" para garantir apoio dos deputados estaduais ao seu governo.
Antes, já tinha sido divulgada a informação de que Romoaldo Júnior recebe 3% em propina de empresa Canal Livre, contratada para serviço de iluminação da Arena Pantanal. O contrato teria sido afirmado em 2013, época em que Romoaldo exercia o cargo de presidente da Assembleia Legislativa.
Entre os beneficiários da mesada do governo de Silval Barbosa, segundo ex-deputado José Riva, também está o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP). Ele atuou em campanhas de Barbosa e integrou seu grupo de apoio. Em depoimento à Justiça do Mato Grosso em abril deste ano, Riva afirmou que também recebia um mensalinho do governo do Estado.
"Era uma mesada, na linguagem popular, uma propina, que os deputados da bancada recebiam do governo", contou em audiência.
O peemedebista afirmou que o esquema já estava em vigor na gestão do hoje ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), que o antecedeu no governo do Mato Grosso. Além da gravação de Pinheiro, o peemedebista entregou pelo menos mais nove vídeos de deputados e ex-deputados estaduais recebendo propina.
Segundo a reportagem apurou, ao menos dois dos flagrados exercem mandatos. Um deles é prefeito de uma cidade do Mato Grosso. O outro é deputado federal em Brasília.
Envolvidos no acordo afirmaram à reportagem que os valores da propina podiam chegar a R$ 80 mil.
CPI da Copa
Na delação assinada com o STF, o ex-governador Silval Barbosa afirmou ainda que o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) o procurou e cobrou propina de R$ 15 milhões para não envolver o nome dele na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Obras da Copa, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
A CPI da Copa era presidida por Oscar Bezerra e apurava irregularidades na condução das obras da Copa do Mundo em Cuiabá e Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. O relatório final, que foi aprovado em abril deste ano, apontou um desvio de R$ 541 milhões com a realização das obras de infraestrutura e mobilidade urbana na Grande Cuiabá.
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