Economia

PIB positivo anima mercado, mas crise política pesa e Bolsa recua

Folhapress

O crescimento de 1% da economia brasileira no primeiro trimestre do ano animou o mercado financeiro na manhã desta quinta-feira (1º), mas a crise política voltou a pressionar os investidores e a pesar sobre a Bolsa e o dólar. O Ibovespa, que na máxima do dia subiu 0,93%, fechou em baixa de 0,67%, para 62.288 pontos.

A mudança de humor também contagiou o mercado cambial. Após cair para R$ 3,21, o dólar comercial acabou virando e fechou com alta de 0,33%, para R$ 3,248. O dólar à vista, que encerra os negócios mais cedo e não capturou essa inflexão, recuou 0,30%, para R$ 3,241.
Segundo analistas, a incerteza política azedou o otimismo do mercado após os dados do PIB.

Notícias de que o PSDB poderia deixar a base aliada preocuparam os investidores, que temem que, se o governo perder apoio, não conseguirá aprovar a reforma trabalhista e a da Previdência.

A decisão de deixar o governo partiria da ala jovem da legenda na Câmara. A ideia seria desembarcar do governo, mas continuar apoiando pautas de Temer em votações, entre elas as reformas. Essa indefinição ofuscou a reação dos mercados na primeira metade da sessão após os dados comprovarem que a economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre.

"A notícia foi positiva, pois o país melhorou depois de dois anos de contração. A alta, porém, veio de fatores pontuais, como a safra agrícola, e a economia ainda está frágil, com investimento fraco", avalia Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil.

"Achamos que o ritmo de crescimento não se sustenta no segundo trimestre. Dependendo de como a crise politica afetar a confiança em junho e a atividade economia, há o risco de o PIB voltar a ficar negativo no segundo trimestre", complementa.

Segundo economistas do Haitong, sem a forte expansão das exportações líquidas brasileiras, o PIB do primeiro trimestre teria caído 0,5%.

Para Thiago Alvarenga, analista gráfico da Icap, a Bolsa sinaliza fraqueza e deve flertar, nos próximos dias, com o nível de suporte de 61.600 pontos. "Foi o fechamento do dia do circuit breaker. A Bolsa tem respeitado esse patamar", ressalta.

AÇÕES

A JBS, depois de subir 9% na esteira do acordo de leniência fechado com o Ministério Público Federal do Distrito Federal, voltou a cair. Os papéis fecharam em baixa de 0,23%.

Os papéis de Petrobras, Vale e bancos responderam à piora do humor e caíram. As ações mais negociadas da Petrobras caíram 0,14%, para R$ 12,82. Os papéis com direito a voto recuaram 0,08%, para R$ 13,54. Os preços do petróleo fecharam em baixa nesta sessão.

No caso da mineradora Vale, as ações preferenciais recuaram 0,39%, para R$ 25,40. Os papéis ordinários caíram 0,50%, a R$ 26,67.

No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco perderam 0,42%. As ações preferenciais e ordinárias do Bradesco fecharam com a mesma queda, de 0,15%. O Banco do Brasil recuou 0,30%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram baixa de 0,62%.

DÓLAR

O Banco Central não anunciou se vai rolar os contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em julho e que somam US$ 6,939 bilhões.

"A cada dia que o BC não intervém, ele aumenta em 400 contratos por dia a quantidade que tem que rolar. Se ele decidir não rolar, o mercado pode esperar um dólar mais apreciado", diz Bruno Foreti, gerente de Câmbio do Banco Ourinvest.

Segundo ele, a tendência é que o dólar siga nesse patamar entre R$ 3,20 e R$ 3,30 enquanto não houver mudança no panorama de aprovação das reformas. "Aparentemente é onde o mercado vai rondar nos próximos dias, salvo se alguma nova informação mexer na precificação do dólar", ressalta.

O CDS (credit default swap), termômetro de risco-país, subiu 0,46%, para 237 pontos.

Redação

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