Como as investigações foram abertas pela superintendência local da polícia, os depoimentos tomados dos suspeitos nos demais estados estão sendo remetidos todos para Cuiabá enquanto o delegado local também realiza os interrogatórios que ficaram sob sua jurisdição. Os suspeitos têm sido indiciados após as oitivas por uso de documento falso e falsidade ideológica, como já havia adiantado o delegado Guilherme Torres para todos os 41 alvos de mandados de busca e apreensão.
Nesta quarta-feira devem ser interrogados em Cuiabá os três investigados que faltam para a PF encerrar o inquérito referente à operação Esculápio, o que deve ser feito até o final de novembro.
Tratam-se de brasileiros que estudam medicina em faculdades bolivianas e que, segundo as investigações, teriam participado do esquema de utilização de diplomas falsos para ingressar na carreira no Brasil. Segundo a PF, os investigados estariam tentando ingressar inclusive no programa federal Mais Médicos.
Investigação
A situação chegou ao conhecimento da PF por meio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), uma das instituições que conduzem exames de revalidação dos certificados de medicina no Brasil. A universidade recebeu mais de 800 inscrições para o processo deste ano de revalidação de diplomas estrangeiros de medicina.
Na fase de análise da documentação dos candidatos à revalidação, uma comissão da universidade percebeu uma série de incongruências na documentação apresentada por supostos alunos formados em três instituições de ensino superior bolivianas.
Alguns candidatos, por exemplo, alegavam ter recebido certificados em datas anteriores às do início do período de residência médica. Ou a data de colação de grau não comportava, conforme o histórico escolar, tempo necessário para a formação acadêmica de um médico.
Logo, a UFMT barrou o avanço dos 41 candidatos no processo de revalidação do diploma e informou o caso ao Ministério Público Federal (MPF), à PF e ao Ministério da Educação (MEC). A UFMT também entrou em contato com as instituições bolivianas cujos nomes constavam dos diplomas apresentados, segundo explicou o reitor em exercício da universidade em Mato Grosso, João Carlos de Souza Maia.
Em resposta, elas declararam que os titulares dos certificados eram alunos que não tinham ainda concluído o curso de medicina ou pessoas que jamais haviam se matriculado. Uma destas instituições tem como sócio minoritário o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Talavera, que se disse surpreso com o esquema descoberto pela PF e afirmou não acreditar na participação das universidades nas supostas fraudes.
Na investigação, a PF chegou a constatar que, dentre os 41 suspeitos de fraudar diplomas de medicina, dois já atuavam como médicos ilegalmente em unidades de saúde dos estados da Bahia e do Amazonas. Estes dois suspeitos deverão ser interrogados em seus estados de origem.
Além de interrogar e indiciar os alvos dos mandados de busca e apreensão, a PF também deve acionar as autoridades da Bolívia para auxiliar na investigação e identificação dos autores do esquema no país vizinho.
G1