Economia

Petróleo fecha abaixo de US$ 35 pela 1ª vez em 11 anos

Média de preços do petróleo Brent, referência para o mercado global, está prevista em US$ 52,52 por barril este ano (Foto: Reuters)

Os preços do petróleo tiveram queda de cerca de 6% nesta quarta-feira (5), após ficarem abaixo de US$ 35 por barril pela primeira vez desde 2004. Um forte e inesperado aumento nos estoques de gasolina dos Estados Unidos reforçou o cenário negativo de excesso de oferta no mercado. Além disso, tensões geopolíticas após o anúncio de um teste de bomba de hidrogênio pela Coreia do Norte, aliadas a crescentes preocupações sobre a desaceleração da economia da China, impactaram do mercado.

Os contratos futuros do petróleo Brent (a principal referência no mercado internacional) tiveram queda de US$ 2,19, ou 6,01%, a US$ 34,23 por barril. Mais cedo, caiu para US$ 34,13, menor nível desde o fim de junho de 2004.

O petróleo nos EUA (tipo WTI) caiu US$ 2, ou 5,56%, encerrando a US$ 33,97 por barril, nova mínima de nove anos.

Estoques dos EUA
Dados do governo dos Estados Unidos mostrando uma queda inesperada de 5,1 milhões de barris nos estoques de petróleo na semana passada foram ofuscados por um aumento de 10,6 milhões de barris de petróleo nos estoques de gasolina, o maior aumento semanal desde 1993 nos EUA.

"Mesmo que a queda nos estoques de petróleo tenha sido grande, o aumento na gasolina foi ainda mais espetacular e esmagador para o mercado", disse John Kilduff, sócio da Again Capital, fundo de hedge para energia em Nova York. "A gasolina era a única fonte de força dentro do complexo e parece que isso acabou."

Essa foi a segunda diminuição nos estoques norte-americanos em três semanas. Na semana encerrada em 18 de dezembro caíram em 5,9 milhões de barris e na seguinte subiram 2,6 milhões.

Excesso de oferta
Os preços do petróleo seguem ladeira abaixo desde meados de 2014. Os principais "culpados" por essa queda gradual são o aumento de produção, em especial nas áreas de xisto dos EUA, e uma demanda menor que a esperada na Europa e na Ásia – agravada pela desaceleração da economia chinesa, principal consumidora de commodities no mundo.

Em novembro de 2014, a queda se acentuou diante do excesso de oferta e da recusa dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – que representa os produtores de países do Oriente Médio – em reduzir seu teto de produção, independentemente do preço no mercado internacional.

Analistas ouvidos pela agência France Presse consideram que as tensões entre a Arábia Saudita e o Irã são negativas para as cotações do petróleo, porque tornam improvável qualquer acordo na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opepx) em favor de uma ação destinada a reduzir a oferta e sustentar os preços.

Em dezembro do ano passado, a Opep não chegou a um acordo para reduzir a produção de petróleo, aumentando as preocupações diante do excesso de oferta no mercado internacional.

Fiel à posição adotada um ano antes, o cartel não somente decidiu manter seus atuais níveis de produção, como também não fixou uma meta precisa de produção.

A Opep culpou a grande produção de óleo de xisto pelos baixos preços da commodity e, segundo alguns analistas, estaria disposta a aceitar um preço ainda mais baixo para tirar do mercado outros produtores ou inviabilizar a exploração de rivais como os produtores norte-americanos.

Quem lucra e quem perde
A queda dos preços afeta diretamente as empresas que exploram petróleo e os investimentos no setor. A petroleira canadense Suncor, por exemplo, anunciou o corte de mil postos de trabalho para reduzir custos de exploração entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões em dois anos.

Alguns países sofrem particularmente com a redução dos preços do petróleo, sobretudo Venezuela, Rússia e Irã, em razão do grande peso das exportações da commodity em suas economias.

Já quem está se deu bem com a queda dos preços foram os grandes importadores e dependentes do petróleo, como Filipinas e China, que estão aproveitando os preços baixos para impulsionar o crescimento econômico ou reverter a desaceleração econômica.

Grandes comerciantes de petróleo do mundo também aproveitaram o momento para contratar superpetroleiros para armazenar estoques de barris no mar à espera de uma recuperação dos preços.

A estratégia tambémelevou as taxas de frete de navios-tanque, e as empresas de transporte têm visto os preços de suas ações subirem. Grandes consumidores de combustível como as companhias aéreas tambem podem, em tese, ser beneficiados com o combustível mais barato e levar essa economia para uma redução nos preços.

E o Brasil e a Petrobras?
As ações da petroleira encerraram esta quarta-feira com queda de 4,19% nas preferenciais e 4,62% nas ordinárias, na esteira da queda dos preços do petróleo. A XP Investimentos mostrou ceticismo com a empresa, segundo a Reuters. "Com dólar em alta e petróleo em baixa, ela seguirá com sérios problemas para equacionar o alto endividamento e a redução nas receitas de exploração e produção de petróleo".

A queda do preço do petróleo no mercado internacional também diminui a rentabilidade dos projetos de exploração no pré-sal, que foram planejados levando em conta um preço mínimo do barril entre US$ 45 e US$ 52 para a produção poder ser considerada economicamente viavel.

A Petrobras afirmou no ano passado, porém, que estava aumentando sua capacidade de produção no pré-sal de "modo economicamente viável" e que o chamado "break even" (ponto em que os ganhos se equivalem aos gastos) foi calculado levando em consideração uma vazão de poços entre 15 e 25 mil barris por dia, abaixo do patamar atual de 20 mil barris por dia.

A queda da cotação internacional provoca também uma diminuição na arrecadação dos royalties sobre a produção, afetando a receita das prefeituras governos dos municípios e estados produtodes.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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