A Petrobras é a segunda empresa de capital aberto mais endividada da América Latina e Estados Unidos, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.
A dívida bruta da Petrobras atingiu no 3º trimestre o nível recorde de R$ 506,5 bilhões, segundo balanço divuldado pela estatal na véspera. O crescimento da dívida no período foi impulsionado principalmente pela valorização do dólar, que entre julho e setembro subiu 28%.
Em dólar, o endividamento da Petrobras somou US$ 127,5 bilhões no final de setembro, o que a coloca a petroleira atrás somente da General Eletric, que fechou o 3º trimestre com dívida bruta de US$ 226,5 bilhões.
Dados da Economatica mostram que no primeiro trimestre de 2003, a tomada de empréstimos com instituições financeiras somava R$ 31 bilhões. Em dezembro de 2010, estava em R$ 117,9 bilhões. A dívida bruta de meio trilhão de reais no final de setembro representa um crescimento de 44% em 9 meses. Em dezembro de 2014, estava em R$ 351 bilhões.
Dívida líquida de R$ 402,3 bilhões
Já a dívida líquida da Petrobras (dívida total bruta menos o caixa) subiu 43% em nove meses, para R$ 402,3 bilhões no final de setembro. No final de 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões.
Considerando apenas o endividamento líquido, a Petrobras é a 3ª empresa de capital aberto mais envididada do mundo, com um despesa financeira contratada de US$ 101,1 bilhões. Na 1ª e 2ª posições estão, respectivamente, a At&T, com US$ 120,7 bilhões e a Verizon Comm, com US$ 108,1 bilhões.
Prejuízo no 3º trimestre foi 3º pior resultado da história
A Petrobras informou na véspera que teve prejuízo líquido de R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre, o terceiro pior da história da estatal. No acumulado nos nove primeiros meses do ano, a petroleira acumula lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, o que representa uma queda de 58% na compração com o mesmo período de 2014.
Na apresetnação do balanço, a estatal destacou como destaque positivo do 3º trimestre a melhora no fluxo de caixa livre. “A companhia fechou o terceiro trimestre com o mesmo dinheiro em caixa que ela tinha no começo do ano”, disse Mario Jorge, gerente-executivo da Petrobras, em entrevista. A companhia projeta encerrar 2015 com saldo de caixa acima de R$ 22 bilhões.
A Petrobras fechou o terceiro trimestre com caixa de R$ 104,2 bilhões.
A empresa diz que a desalavancagem está diretamente relacionada com o plano de venda de tivos. A Petrobras tem um plano de desinvestimento que chega a US$ 15,1 bilhões até 2016.
Segundo Ivan de Souza Monteiro, diretor financeiro, a companhia captou até maio todo o recurso necessário para 2015, e pretende até o fim do ano captar toda a necessidade para o próximo ano. “A necessidade de captação é zero para 2016”, disse.
Ações em queda
Nesta sexta-feira, as ações da Petrobras operavam com pequenas variações. Por volta das 11h, as preferenciais caíam 0,66%, enquanto que as ordinárias tinham alta de 0,55%.
No acumulado no ano, os papéis preferenciais da Petrobras têm queda de mais de 23%.
Em valor de mercado, a companhia encolheu mais de R$ 15 bilhões em 2015, segundo a Economatica. No auge, em maio de 2008, o conjunto de ações da Petrobras na Bovespa somou R$ 510,4 bilhões.
Perdas com corrupção
A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção e reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões.
O prejuízo causado pelas irregularidades descobertas pela Lava Jato, no entanto, pode chegar à R$ 42,8 bilhões, segundo laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da operação.
A Petrobras reafirmou nesta quinta-feira, entretanto, que o prejuízo calculado pela empresa com desvios é de R$ 6,2 bilhões, mantendo o número anunciado em abril deste ano.
"Não temos nenhuma informação adicional que leve a acreditar que o valore de R$ 6,2 bilhões está equivocado. Está correto e não vai ser alterado", disse o diretor financeiro Ivan Monteiro.
No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões.
Fonte: G1