Liderados por Rodrigo Paranhos, os pesquisadores da Embrapa trabalham desde abril do ano passado no projeto Agregarte, que entra neste ano na fase de coleta de amostras de leite e de queijo. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é um dos parceiros da pesquisa, junto com a Embrapa Gado de Leite, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e a Associação dos Produtores do Queijo do Serro.
O queijo produzido na região mineira do Serro obteve também o registro de indicação geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em dezembro de 2011.
As pesquisas poderão pôr fim à polêmica em torno do produto que, por ser feito com leite cru, não pasteurizado, tem sua comercialização proibida pela legislação brasileira, disse Paranhos à Agência Brasil. A venda do queijo dentro do território mineiro é permitida por uma lei estadual que ampara pequenos agricultores locais cadastrados no IMA.
A polêmica cresceu e, por isso, o Ministério da Agricultura criou um grupo de trabalho para analisar a questão do queijo, produzido em dez municípios. De acordo com Paranhos, as instituições envolvidas precisarão de um grande esforço para trazer para o queijo do Serro para o mercado formal. O queijo artesanal da região segue o padrão dos produtos da pequena agroindústria nacional, a informalidade.
“Minas Gerais foi o estado pioneiro na briga por esse queijo artesanal”, lembrou Paranhos. O pesquisador destacou que Minas elaborou uma legislação específica e acreditou que seu produto pode ser seguro, mesmo sendo feito com leite cru. As queijarias cadastradas no IMA são minoria entre os estabelecimentos do gênero existentes no estado.
Segundo Paranhos, é preciso também elaborar programas e políticas públicas para melhorar a qualidade do produto. “E isso é possível”, disse ele, defendendo investimentos na atividade, que gera emprego e renda e é geralmente desenvolvida por agricultores familiares.
Para ele, essa política tem condições de dar resultado. “O Estado tem de olhar com mais carinho para esses produtos”, ressaltou Paranhos. Ele informou que o Agregarte atua em mais duas frentes: a produção informal de farinha de mandioca na Bahia e de açúcar mascavo, no norte fluminense.
Paranhos acredita que o queijo do Serro pode ser feito de maneira artesanal e sem oferecer riscos para a saúde. Para isso, os produtores têm de cuidar bem dos rebanhos, sem esquecer da vacinação. Ele disse que o Instituto Mineiro de Agropecuária vem mostrando que é possível conseguir, mesmo em pequena escala, um produto de qualidade, se esses cuidados forem tomados.
O projeto Agregarte deve ser concluído até 2015. “Pretendemos caracterizar esse produto tanto em termos dos riscos para a saúde saúde quanto em termos sensoriais [sabor, aroma e cor] para valorizá-lo”. O objetivo do projeto é mostrar que o queijo minas artesanal do Serro tem grande potencial de desenvolvimento social. Não é à toa que ele já é reconhecido há tanto tempo, dentro e fora da região em que é feito, como um produto de qualidade, acrescentou.
No mês que vem, a Embrapa Agroindústria de Alimentos deve participar do grupo de trabalho criado pelo IMA para discutir uma nova legislação para o queijo do Serro.
EBC