Economia

Pequenas e médias empresas dobram vendas com preço menor

O ano de 2014 não foi fácil para a economia brasileira, mas houve quem enxergasse boas oportunidades no período crítico. Se, em São Paulo, as pequenas e médias empresas chegaram ao final do ano com queda de 0,6% no faturamento real (segundo dados do Sebrae-SP), as empresas que se destacaram da massa chegaram a dobrar seu faturamento anual. 

Fundada em 2012, a Printi, que comercializa material gráfico pela internet, cresceu 190% em 2014. Segundo um de seus fundadores, Mate Penczs, os grandes eventos que ocorreram no Brasil ano passado aumentaram a necessidade de divulgação. Além disso, a própria crise econômica ajudou no bom desempenho dos negócios.

"Estamos em contato com empresas no exterior e vimos que 2008, quando estourou a crise internacional, foi o melhor ano para esse tipo de empresa de gráfica online pelo simples fato de que as empresas queriam minimizar custos", explica. Reduzindo o orçamento, as empresas substituíram grandes agências de publicidade por empresas menores.

Em 2015, a empresa planeja faturar R$ 30 milhões – em 2014, o número foi pouco mais de R$ 10 milhões. Para isso, a aposta é negociar bons preços. "O cliente está olhando cada vez mais os preços. As empresas precisam focar nos custos, cortar gastos fixos, e trabalhar com bons valores para oferecer um bom custo benefício", diz Penczs.

Segundo o empresário, vale até reavaliar a margem de lucro. "Você pode reduzir margem e conseguir um volume maior, tendo uma lucratividade maior. Muitas empresas brasileiras não estão operando com eficiência", afirma.

A Dress & Go, startup fundada em 2013, que aluga vestidos de luxo pela internet, também teve um crescimento expressivo no ano passado. Além de a marca ter ficado mais conhecida e se consolidado no mercado, Mariana Penazzo, sócio-fundadora da marca, atribui o sucesso as opções que a loja oferece para quem quer gastar pouco. "Mesmo com o caixa apertado, a mulher consegue alugar um aluguel de um vestido de grande estilista por uma fração bem menor do valor original da peça [o aluguel sai por cerca de 20% do valor original da peça]", diz. 

Segundo Mariana, o objetivo para este ano é fechar 2015 com R$ 8 milhões de faturamento, cerca de seis vezes mais que no ano passado. 

"Você tem de fazer seu negócio da forma que acredita, vendo onde estão as oportunidades de mercado, porque elas surgem para quem vê. É um ano complicado para a indústria e comércio, mas a gente tem de fazer acontecer", afirma a empresária.

Tendência: food bike é a nova onda após o food truck
Mercado em favela aposta em produtos de 1ª linha e fatura R$ 30 milhões por ano

Franquias podem ser boas opções para quem quer segurança

Em 2014, a rede de franquias de cookies Mr. Cheney mais que dobrou seu faturamento: saltou de R$ 5 milhões em 2013, para R$ 12 milhões em 2014. O bom resultado deve-se ao aumento do número de franqueadores: 25 das 42 unidades da marca foram abertas ano passado.

"O setor de franquias costuma crescer nos momentos de crise. Um executivo que perde o emprego, tem um dinheiro razoável e sabe que vai ser difícil conseguir uma nova posição, pensa em empreender. Nessa hora, as franquias são boas opções porque são estruturadas e o empreendedor se sente mais protegido do que se começasse um negócio do zero", afirma Johannnes Casmtellano, diretor de Expansão da rede Mr. Cheney.

Em 2015, a rede planeja dobrar o número de franqueados novamente e espera bons resultados de faturamento. "O ticket médio dos clientes cresceu 14%, o que mostra um aumento de consumo dos nossos produtos", diz Casmtellano.

Segundo o executivo, a crise econômica não assusta, mas preocupa. "Medo é paralisante, nós estamos acelerando. Estamos preocupados, mas procurando alternativa para nos movimentar, ficar esperando não vai ajudar", afirma.

Com investimento pequeno, food bike é a nova onda após o food truck
Seis franquias são inauguradas por hora útil no Brasil

"Em momentos como esse, é importante focar nas vendas", diz Sebrae

Segundo Renato Fonseca, consultor do Sebrae-SP, a premissa de que "onde há dificuldades existem oportunidades" é verdadeira. As empresas, no entanto, precisam se qualificar e profissionalizar para enfrentar o mercado em momentos críticos.

Uma das dicas, de acordo com o consultor, é se concentrar nos resultados nas vendas. "A pauta de conversas de reuniões tem que resultar em vendas, especialmente em momentos de conjuntura econômica turbulenta. A equipe também tem que estar sintonizada com o propósito da empresa, tem que abraçar as dificuldades que terão que ser enfrentadas", diz.

Para isso, Fonseca também explica que é importante observar indicadores. "É preciso se basear em indicadores, metas e resultados anteriores. Como foi o ticket médio? O que é preciso buscar mês que vem? Esse tipo de pergunta gera horizontes interessantes. E os horizontes de planejamento podem ficar curtos em momentos como esses", explica.

Quem consegue se destacar no período crítico, diz o consultor, deve se dedicar a conquistar os novos clientes. Segundo Fonseca, não basta oferecer o melhor preço, mas encontrar soluções positivas para novas necessidades, novos produtos e serviços, e formas inteligentes de comunicação.

Para 2015, a expectativa é de que o setor de serviços continue crescendo em relação ao comércio. "Esse é um ano de manutenção das conquistas já realizadas, se esforçar para não ter dificuldades financeirar e buscar saídas criativas", diz Fonseca.

Setores inovadores, como de tecnologia e soluções sustentáveis podem crescer. "Esses momentos de sensibilidade da economia significam oportunidades para que novos empreendedores conscentes se perenizem, porque vão pegar momentos de prosperidade após a crise. Mais do que nunca, o mercado não é lugar para empreendedores inexperientes. É preciso ter qualficação", explica.

Fonte: iG

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26