De acordo com um estudo encomendado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), em dezembro do ano passado o preço médio pago pela arroba era R$ 84,87 e o custo operacional total que inclui a depreciação dos ativos da propriedade era de R$ 87,75. A diferença de aproximadamente R$ 3 por arroba pode chegar a um prejuízo de cerca de R$ 900 por carga (18 animais).
Conforme o diagnóstico, a desvalorização da arroba em oposição à alta nos insumos, como adubo para o pasto e ração, está deixando a atividade cada vez menos rentável. Entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012 o preço da arroba despencou 9%, passando de R$ 93,93 para R$ 84,87. Neste mesmo intervalo, o suplemento mineral utilizado registrou alta de 38,68%. Superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, destaca que a atividade precisa ser valorizada e rentável e isso só será possível se houver política pública que possibilite ao pecuarista a contratação de crédito para investir em reforma de pastagem, aquisição de bezerros e tecnologia. “A falta de renda poderá tornar a atividade inviável. Enquanto o governo federal não desenvolver linhas de crédito compatíveis que contemple a realidade será a cada ano mais preocupante e desestimulante”.
O pecuarista Maurício Campiolo diz que a agricultura possui um aporte que mantém a atividade promissora, como preço mínimo, aquisição e armazenamento por parte do governo, mas não dá a mesma atenção para a pecuária. “É preciso entender que a produção de proteína vermelha também carece de políticas públicas, senão os pecuaristas não conseguirão se manter no setor”.
Na análise do economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira, também é necessário que em nível estadual e municipal os governos vejam a pecuária como uma atividade que produz e precisa de uma logística mínima para escoar a produção. E se trata de um produto vivo, que se não for bem tratado no seu trajeto implicará em mais prejuízos ao produtor.
Segundo o estudo, a situação se agrava quando são analisadas as microrregiões do Estado. A pecuária de corte só obteve lucro nos municípios onde não é preciso terminar a engorda fora do pasto, ou seja, onde não houve confinamento. O superintendente da Acrimat acrescenta que cidades como Pontes e Lacerda e Juara, por exemplo, fecharam 2012 com o pasto em boas condições, dispensando a suplementação alimentar, diferentemente do que ocorreu na Baixada Cuiabana, cujo pasto está degradado e foi preciso reforçar com suplementos para engordar os animais.
FONTE: PrimeiraHora | GAZETA DIGITAL