Paul McCartney morreu. A lenda sobre um suposto acidente de carro que ocupou páginas dos tabloides ingleses no fim da década de 1960 perdeu força há muito tempo e é ignorada por quase todos os 14,8 mil fãs que assistiram ao ex-beatle nesta quarta-feira (12) no palco do HSBC Arena, Zona Oeste do Rio, na turnê Out There!. 'Macca', afinal, atualizou as gerações de espectadores fanáticos. O autor do boato desacreditado só esqueceu de um detalhe: o cover de Paul teria que ser muito mais novo do que o original para a história bizarra parecer verdadeira.
Aos 72 anos, Paul aparenta ter muito menos idade e carrega uma vitalidade impressionante. Durante três horas, o artista – vivinho – desfilou sucessos da carreira do grupo londrino e novas composições da carreira solo numa apresentação intimista, a primeira em uma arena na América Latina.
Paul cantou mais de três dezenas de canções. E se arriscou no português, já 'craque' no idioma, com suas vindas mais frequentes desde a estreia em um Maracanã lotado na década de 90. "É maravilhoso estar de volta ao Rio", disse em 'carioquês', puxando o erre.
Prova da renovação de gerações aficionadas do ex-beatle, Letícia Queiroz assistiu ao primeiro show de 'Macca' com a mãe de 63 anos, no ano passado. Nesta quarta, aos 31, levou a filha Clara, ainda na barriga, para comemorar os oito meses de gestação completados justamente na madrugada.
“Fui ao último show dele no Rio (no Engenhão) com a minha mãe. Agora, ela [Clara, a filha para nascer] veio comigo. Chorei tanto no último. Acho que vou chorar de novo”, previu antes do início da apresentação. Não se conteve nem até “All Together Now”, dedicada aos mais novos: “Essa é para a garotada”, disse Paul, em português, claro. Letícia chorou já em 'Blackbird', quando o palco se ergueu e ele cantou à luz de uma lua cenográfica.
O show, marcado para às 22h, começou às 22h30 com 'Eight Days a Week'. Tempo suficiente de espera para a pontualidade londrina, mas "de menos" para o trânsito carioca – principalmente o da Barra da Tijuca. Nas primeiras músicas, os espectadores ainda corriam para preencher as arquibancadas da Arena. Logo na sua primeira canção, Paul voltou a apostar na simpatia que o ajudou a conquistar o público. Respondendo às luzes que insinuavam a entrada do ídolo, os fãs gritaram. Paul tocou no microfone e reagiu como se tivesse a mão queimada pelo calor da plateia. Familiarizado com o português, emendou: “Oi, e aí?”
O show já se aproximava do fim, quando, em 'Live and Let Die', fogos estouraram do palco. A gritaria só aumentou com o autor emendando 'Hey Jude'. Era o que o público esperava. Cartazes com "na, na, na" completavam o refrão. Duas espectadoras foram convidadas ao palco para participar da cerimônia. Elas foram 'tatuadas' com um autógrafo nas costas. A estudante Victória Aguinaga, de 18 anos, ficou com inveja. "Eu, que desmaiei duas vezes, que deveria estar lá em cima", disse às amigas. Foi o primeiro show de Paul na vida dela. Nos últimos dois na cidade, os pais não compraram a tempo. Desta vez, ela se adiantou.
G1