A Páscoa deste ano virá com menos lançamentos em meio à queda no consumo em razão da retração econômica. Em feira promovida em São Paulo nesta terça-feira (7) para mostrar as novidades para 2017, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) aposta na tradição do brasileiro de dar ovos de presente para reverter a queda expressiva de vendas em 2016, ano descrito pelo setor como “difícil”.
O número de lançamentos caiu de 147 no ano passado para 120 este ano. E o número de empresas expositoras no salão de Páscoa deste ano diminuiu de 11 para 9. Elas representam mais de 70% do mercado de chocolate no país.
De acordo com a Abicab, apesar dessa diminuição no número de lançamentos, houve maior diversificação de produtos para atender à demanda do consumidor, com ovos de variados tamanhos e faixa de preço mais ampla para atender a todos os bolsos. E nos lançamentos, as fabricantes optaram por misturar novos produtos aos tradicionais.
Preços em 2017
Algumas fabricantes, como a Nestlé, Cacau Show e Arcor, informaram que reajustaram os preços dos ovos em 2017. No caso da Nestlé, a variação de 6% a 8% foi justificada pelo aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e dos custos de matéria-prima.
Já a Cacau Show e a Arcor repassaram a variação em torno de 6% da inflação. A Lacta informou que os preços sofreram reajustes abaixo da inflação, sem informar o índice. Já a Kopenhagen procurou manter o preço do ano passado em boa parte dos produtos.
Produção e venda menores
Apesar de a Páscoa ainda ser considerada a principal data para o setor de chocolates, o volume produzido para o período caiu de 2015 para 2016: de 19,7 mil toneladas para 14,3 mil no ano passado. O volume de 2017 não foi calculado pelo fato de a indústria ainda estar em produção para a data, mas a associação prevê que repita a quantidade do ano passado. Em 2015, foram 80 milhões de ovos, ao passo que em 2016 foram 58 milhões.
De acordo com Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab, o volume de vendas na Páscoa do ano passado caiu 27%, seguindo a queda na produção. “O ano passado foi atípico, difícil, complicado para todos nós. Mas estamos recuperando essa produção”, diz.
De janeiro a setembro de 2016, a produção geral da indústria de chocolate, segundo a Abicab, teve crescimento de 13% em relação a mesmo período de 2015. Para a entidade, o setor está otimista com as vendas deste ano em virtude de a Páscoa cair em meados de abril, mais distante do começo de ano, quando os brasileiros têm despesas como IPVA, IPTU e material escolar, e também pela economia dar primeiros sinais de recuperação. No ano passado, a Páscoa caiu em 27 de março.
“As empresas analisaram o mercado e o cenário é longe de ser ótimo, a recuperação é lenta, mas estamos otimistas que 2017 será melhor que 2016”, diz Fonseca.
Tamanhos dos ovos
No ano passado, as fabricantes de chocolate apostaram em ovos menores para atender a um público com menos dinheiro para gastar. A média de tamanho de ovos passou de 400 gramas em 2015 para 250 gramas em 2016. Segundo Fonseca, essa média se manteve este ano.
O presidente da Abicab diz que em virtude da queda expressiva de vendas no ano passado, as empresas optaram por serem mais conservadoras tanto diminuindo o número de lançamentos como oferecendo em seu portfólio um leque de produtos com menor peso para diminuir o gasto do consumidor.
Queda em ranking de consumo
O Brasil caiu de posição em relação ao consumo per capita de chocolate no mundo, de 3º para 5º lugar, mas mantendo o mesmo patamar do ano passado de 2,5 kg/ano. Segundo Fonseca, esse consumo per capita é considerado pequeno. “Temos todo um mercado para conquistar e estamos otimistas com a Páscoa deste ano”, diz.
Segundo ele, o Brasil caiu no ranking de consumo em virtude da queda no consumo interno e do crescimento do mercado na Rússia e China. Assim, o Brasil se posiciona atrás dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China.
Menos empregos nesta Páscoa
O número de empregos temporários durante a data também caiu. Em 2016, a Páscoa gerou 29 mil vagas temporárias, e este ano a previsão é de 25 mil, sendo 15% para a produção e 85% para promoção e cadeia de venda. De acordo com Fonseca, a queda de 4 mil vagas se deu no setor de produção, onde houve reaproveitamento da mão de obra já existente.
“A produção caiu, a mão de obra sobrou. Para não demitir em massa tiveram que diminuir a mão de obra, e começaram a produzir para esta Páscoa com a mão de obra disponível”, explica o presidente da Abicab.
Fonte: G1