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Partido de Angela Merkel venceu as eleições, aponta boca de urna

O partido da chanceler alemã, Angela Merkel, venceu as eleições de domingo (24), segundo a boca de urna. O resultado oficial deve ser conhecido nas próximas horas.
A CDU (União Democrata-Cristã) recebeu 32,5% dos votos, de acordo com a sondagem, contra os 20% de seu rival, o SPD (Partido Social-Democrata) de Martin Schulz. Ambos governam atualmente em coalizão.

A novidade do pleito foi a ascensão da sigla de direita populista AfD (Alternativa para a Alemanha), que teve 13,5% dos votos e entrará no Parlamento -a primeira vez em que a extrema-direita chega à Casa desde o fim da Segunda Guerra em 1945.

Como líder do partido com mais votos, Merkel deverá formar o próximo governo e manter o cargo de chanceler em um quarto mandato consecutivo. Com isso, pode completar 16 anos no poder e se igualar, assim, ao ex-chanceler Helmut Kohl.

Merkel se manterá, assim, no cargo de uma das mulheres mais poderosas do mundo -a Alemanha é a maior economia da União Europeia, com PIB estimado em US$ 3,4 trilhões neste ano.

Ela acumulará ainda a fama informal de líder do mundo livre, em um cenário internacional marcado pela ausência de referentes morais desde o fim do governo de Barack Obama nos EUA.

Merkel votou às 14h45 locais (9h45 em Brasília), mas não deu declarações à imprensa. Tampouco havia grandes aglomerações na capital, em uma campanha marcada pela discrição.

As ruas estavam abarrotadas de cartazes dos partidos, às vezes uns em cima dos outros, mas a movimentação nas urnas não quebrou a monotonia do domingo chuvoso. Houve uma maratona em paralelo à eleição, cortando o tráfego da capital.

O líder do SPD, Martin Schulz, voltou cedo, e bem-humorado, em seu distrito eleitoral, Würlesen. "Aqui está o voto decisivo", disse, mostrando sua cédula. Ao lado da mulher, Inge, brincou: "Votei duas vezes."

GOVERNO

A chanceler terá que escolher, agora, se mantém a aliança com o SPD ou se busca novos parceiros.

A alternativa seria uma aliança entre CDU, FDP (Partido Democrático Liberal) e os Verdes. O trio somaria cerca de 53% dos votos, segundo as bocas de urna.

É improvável, para não dizer impossível, que a sigla populista AfD faça parte do próximo governo. A própria Merkel já descartou essa opção, em declaração pública.

O crescimento do populismo na União Europeia é o grande tema político destes dois últimos anos, como mostrou em junho de 2016 o voto britânico para deixar o bloco econômico, processo conhecido como "brexit".

Na França, o desafio veio da sigla de direita nacionalista Frente Nacional, de Marine Le Pen, que teve 34% dos votos no segundo turno em 7 de maio, sendo derrotada pelo centrista Emmanuel Macron, hoje o presidente.

Macron e Merkel têm fortalecido o eixo entre Paris e Berlim para possivelmente reformar a União Europeia e lidar com a insatisfação que resulta no voto populista.

Por essa razão, "a questão central destas eleições é o futuro da Europa", diz à Folha Markus Kaim, analista do SWP (Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança). Merkel representa, para parte do eleitorado, um voto por mais integração regional e mais estabilidade.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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