A primeira unidade de Mato Grosso, localizada no município de Paranatinga, a 338km de Cuiabá, deve estar apta a exportar carne bovina para os Estados Unidos nas próximas semanas. A planta já foi indicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ao país norte-americano e aguarda a homologação para dar início aos embarques.
Outras cinco plantas frigoríficas estão aptas a exportar carne bovina in natura para esse país. Três ficam nos municípios de Campo Grande, Naviraí e Bataguassu, em Mato Grosso do Sul. Os outros estabelecimentos são de Barretos (SP) e Palmeira de Goiás (GO). Há previsão que mais uma unidade em Promissão (SP) seja homologada nas próximas semanas.
“Novos pedidos de exportação vão depender da iniciativa privada, de acordo com a atratividade do mercado”, informou o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, José Luís Vargas. Ele assinala que o Brasil deve ser ágil para ocupar boa fatia da cota de importação americana de 64 mil toneladas por ano, isenta de tarifa, que é dividida por alguns países.
A abertura do mercado norte-americano, anunciada pelo ministro Blairo Maggi no mês passado, é resultado de mais de 17 anos de negociações. A aprovação de um mercado rigoroso como o dos Estados Unidos poderá facilitar a venda de carne bovina in natura para outros países e, segundo José Luís, confirma a eficiência do Serviço de Inspeção Federal do Brasil.
No último domingo (18), o primeiro contêiner do produto para os EUA foi despachado do frigorífico de Bataguassu. Na segunda-feira (19), outro contêiner partiu de um estabelecimento de Campo Grande.
Os frigoríficos interessados em exportar carne bovina in natura para os Estados Unidos devem pedir a habilitação ao Mapa, desde que já tenham registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF).
O ministério verifica se a empresa cumpre os requisitos sanitários exigidos pelas autoridades americanas. Caso a empresa atenda a todos as exigências, o ministério indica o estabelecimento aos EUA, que então faz a homologação com base no acordo de equivalência. Depois disso, a exportação da carne bovina in natura é autorizada.
Mato Grosso deverá ser o responsável por 25% das exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos. Os norte-americanos definiram uma cota anual de importação de 64,8 mil toneladas in natura e congelada. Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino do país e o segundo que mais exporta carne.
“Este acordo é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 1999. São muitos anos de luta que contribuíram para este momento e para que nosso produto possa chegar com qualidade ao mercado internacional. Em Mato Grosso temos o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que busca a rastreabilidade e qualidade da nossa produção. Esta abertura para o mercado dos EUA vai gerar oportunidade para ampliarmos as exportações para outros países”, declarou recentemente o governador Pedro Taques.
Importação
De acordo com dados do Mapa, os americanos estabeleceram cotas de importação para os países aptos a vender para eles. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa, o Brasil faz parte da cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa de 4% ou 10% dependendo do corte da carne. Fora da cota (sem limite de quantidade), a tarifa é de 26,4 %.
Atualmente, os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de carne bovina in natura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 2,22 bilhões (ou 571,5 mil toneladas). No período, os maiores compradores foram Hong Kong (U$ 393 milhões), China (U$ 365 milhões), Egito (US$ 329 milhões), Rússia (US$ 181 milhões) e Irã (US$ 168 milhões).
Instituto de Carne
Criado em fevereiro de 2016, o Instituto Mato-grossense de Carne (Imac) tem o objetivo de promover a carne bovina e atestar a qualidade do produto. Mato Grosso é o primeiro Estado brasileiro a ter um órgão com essa finalidade. De acordo com o governador Pedro Taques, a ideia do instituto surgiu durante uma visita ao Uruguai em outubro de 2015, um dos únicos cinco países a contar com um Instituto como este. “Temos a melhor carne do mundo e vamos conquistar mercados mundo afora, com qualidade certificada por meio de um sistema de rastreabilidade inovador”. (Com assessoria)