Foto: JLSiqueira AL/MT
O relato emocionado do médico Roberto Satoshi Yoshida quanto a calamidade instaurada por falta de recursos no Hospital Regional de Sorriso foi o estopim para deputados de oposição e até mesmo da situação na Assembleia Legislativa.
No vídeo, o diretor clínico da unidade, Roberto Satoshi Yoshida, emocionado, informou que, sem repasse de recursos, até o fim desta semana, acabariam alimentos para pacientes, gás de cozinha e, o mais preocupante, o ‘gás medicinal’, que é o oxigênio para quem precisa respirar com ajuda de aparelhos.
Em momento raro, na sessão vespertina do Legislativo nesta terça-feira (23), parlamentares da base de sustentação do Governo do Estado engrossaram o coro para condenar a atuação do Estado na área da saúde.
Quem levantou a temática foi o deputado Valdir Barranco (PT), classificando como “calamitosa” a situação da saúde em Mato Grosso. A partir daí, deputados da oposição e da base governista se posicionaram também exigindo atendimento das demandas do hospital reclamante e demais unidades de saúde sob a responsabilidade do Executivo estadual.
Os deputados Mauro Savi (PSB) e Zé Domingos Fraga (PSD), ambos da região de Sorriso, sendo o último ex-prefeito do município por três mandatos, manifestaram sentir desconforto na cidade, pois são cobrados por melhorias no hospital.
Para eles, responder que o repasse de recursos financeiro é de responsabilidade do Governo Estado não basta. Savi sugeriu ao governador “que tire dinheiro de outro lugar”.
“Nunca fui tão humilhado, como estou sendo hoje. Gostaria de pedir ao governador e a esse secretário [Luis Soares] que deve ter merda na cabeça e o rei da barriga, que sejam humanos pelo menos, e respeitem as pessoas. Se não querem respeitar um deputado, que respeitem o ser humano. Peço ao governador que tire dinheiro de qualquer outro lugar da Assembleia, TJ ou qualquer Poder, e que pague, fazendo sua obrigação”, afirmou Savi.
Pauta travada
Já o deputado Fraga chamou de “epidemia” a “falta de financiamento” da área, que pode gerar um “genocídio” em Mato Grosso.
Fraga, assim como a deputada de oposição, Janaina Riva (PMDB) defendeu o trancamento da pauta de votação – como a votação da autorização de empréstimo de até R$ 800 milhões para a retomada do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) -, até que a solução seja dada.
“Hoje, nos estamos nos deparando com esse tema que nos machuca. Em que pese nossa gritaria, infelizmente, nada tem acontecido. Não só lá, mas no Estado todo. Cansei de bater na mesma tecla. Se depender deste parlamentar – vou ouvir o presidente do meu partido –, mas se não tiver solução, não voto nada nesta Casa. Não contem com Zé Domingos, pois uma cidade que ajudei a construir [Sorriso] hoje estou proibido de entrar. Estou passando como incompetente, como pelego. Não sou nada disso. Amo o Estado, acredito nesse Governo, mas acima das obras de infraestrutura, temos que olhar o patrimônio mais rico que são as pessoas”, declarou.
“A população está morrendo a mingua. Não podemos aceitar essa situação. Precisamos sentar e buscar uma proposta definitiva, pois a Saúde é um direito de todos. Não podemos cometer um genocídio por omissão da parte de nós governistas”, pontuou.
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