Economia

ONU: Sem privatizações, investimento estrangeiro no Brasil cai à metade

O investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil caiu quase à metade no primeiro semestre deste ano, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A agência da ONU atribui a queda ao avanço na pandemia no período e à paralisação do programa de privatizações.

Segundo relatório divulgado hoje, o IED no Brasil passou de US$ 34,857 bilhões nos primeiros seis meses de 2019 para US$ 18,098 bilhões no mesmo período de 2020, um tombo de 48%.

Essa categora de investimento é aquele feito por uma empresa estrangeira em um país com interesses comerciais de longo prazo. É diferente do fluxo puramente financeiro, muitas vezes apenas de caráter especulativo.

O recuo brasileiro foi semelhante à média mundial (-49%), mas ficou bem acima do verificado entre emergentes (- 16%). É também a terceira maior retração entre as principais economias globais, de acordo com a Unctad. As duas maiores quedas ocorreram na Itália (-74%) e nos EUA (-61%)

— Os fluxos globais de investimento estrangeiro direto no primeiro semestre deste ano caíram quase à metade. Foi mais drástico do que esperávamos para o ano todo — disse James Zhan, diretor da divisão de investimento e empreendimentos da Unctad em entrevista à imprensa.

Segundo Zhan, “a pandemia é muito desafiadora para atrair investimentos para o Brasil”, que também foi prejudicado devido “à paralisação do programa de privatizações lançado no ano passado”. Ele pondera, porém, que “US$ 18 bilhões ainda é um volume significativo de IED”.

A expectativa da Unctad é que os fluxos de investimento para o Brasil se recuperem moderadamente no segundo semestre do ano, com a retomada das vendas de ativos e a implementação de um novo plano de infraestrutura.

Perspectivas incertas
As economias mais desenvolvidas registraram a queda mais expressiva de IED no primeiro semestre, com uma retração de 75%, a US$ 98 bilhões, um nível que não era registrado desde 1994.

A expectativa da Unctad é que haja uma leve melhora no segundo semestre e o ano termine com uma queda de 30% a 40% de IED no mundo. A projeção para 2021, é de queda de até 10%, disse Zhan. Uma recuperação só é esperada para 2022:

— As perspectivas continuam sendo muito incertas e dependem da duração da crise de saúde e da eficácia das intervenções de políticas destinadas a atenuar os efeitos econômicos da pandemia – ressaltou Zhan. — A longo prazo, vemos a possibilidade de uma transformação das cadeias de valor globais que mudará o panorama do comércio e dos investimentos mundiais.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Economia

Projeto estabelece teto para pagamento de dívida previdenciária

Em 2005, a Lei 11.196/05, que estabeleceu condições especiais (isenção de multas e redução de 50% dos juros de mora)
Economia

Representação Brasileira vota criação do Banco do Sul

Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, assinaram o Convênio Constitutivo do Banco do Sul em 26