(Foto: Philippe Turpin/Photononstop)
Apesar de a poupança ser o investimento mais comum entre os brasileiros, ela não é a única forma de poupar dinheiro. Muitas vezes, inclusive, ela pode ser desvantajosa para a situação do poupador. Por isso, especialistas recomendam que, para cada situação, é preciso considerar as características de cada tipo de investimento para escolher o melhor. Se a intenção é comprar um imóvel ou poupar para a aposentadoria, por exemplo, um tipo de investimento pode ser mais apropriado que outro.
Além da poupança, dois dos investimentos mais conhecidos entre os brasileiros são o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e títulos do Tesouro Direto.
Veja abaixo o que são e como funcionam cada um dos três investimentos, com explicações do educador e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro “Terapia Financeira”, do economista Marcos Crivelaro, professor de finanças da FIAP, do planejador financeiro Janser Rojo, da QI Financeiro Consultoria, e do agente de investimentos Juliano Custódio, da Eu Quero Investir.
O que é poupança?
É o tipo de investimento mais comum entre os brasileiros. O cliente do banco deposita o valor que quiser em sua caderneta de poupança e pode retirar toda a quantia ou uma parte do dinheiro a qualquer momento, sem a cobrança de taxas. A aplicação tem um rendimento mensal – ou seja, um valor que é acrescido sobre o montante guardado todo mês.
Quanto a poupança rende?
Quando a Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira, determinada pelo governo) está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais a taxa referencial (uma taxa calculada diariamente, também pelo governo, tendo como base as taxas cobradas pelas 20 maiores instituições financeiras do país).
Atualmente, a Selic está em 13,75%. Tomando como exemplo o dia 5 de junho deste ano, quando a TR estava em 0,1565%, a remuneração da poupança, somando-se os 0,5% da regra da Selic, seria de 0,6573% ao mês.
Isso significa que um investimento de R$ 1 mil na poupança, por exemplo, renderia R$ 6,57 em um mês.
Quando o rendimento aparece?
A remuneração acontece na data de aniversário da abertura da poupança – ou seja, o rendimento é creditado no mesmo dia de cada mês. Para casos de poupanças abertas em dias 29, 30 e 31, no entanto, é considerado o dia de aniversário o 1º dia útil de cada mês.
Se uma quantia é depositada no dia 10 de junho, por exemplo, e a data de aniversário da conta é todo dia 9, esse valor depositado só terá rendimento no dia 9 de julho. Por isso, muitas pessoas que precisam retirar dinheiro da poupança deixam para fazer isso depois da data de aniversário.
E se o banco quebrar?
Poupanças de até R$ 250 mil têm o reembolso garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito, do Banco Central.
O que é CDB?
Embora seja menos popular que a poupança, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) também é uma forma muito comum entre os brasileiros para guardar dinheiro.
O CDB funciona como um empréstimo para o banco. O cliente escolhe um banco de sua preferência e deposita a quantia mínima determinada pela instituição na aplicação (ou mais, se quiser, com a possibilidade de ir aumentando o valor investido ao longo do tempo). No momento da contratação, é combinado um prazo para que o dinheiro fique aplicado. Quando o prazo terminar, o cliente retira, além do dinheiro que depositou, a quantia que ele rendeu.
Quanto o CDB rende?
A rentabilidade desse tipo de investimento, diferente da poupança, não tem uma taxa de rendimento igual para todos os casos. O rendimento do CDB é maior que o da poupança, e varia de acordo com o que foi combinado com o banco no momento da contratação. Em geral, quanto maior o valor investido, maior tende a ser a porcentagem de rendimento.
Para calcular o rendimento, os bancos usam como referência o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). São papéis vendidos entre bancos diferentes para captar dinheiro, com uma taxa de rendimento para esses títulos. A média dessa taxa varia diariamente, de acordo com os negócios realizados entre os bancos com esses papeis, e é usada como referência para o CDB e outros investimentos.
Quem investe em CDB ganha uma parte do CDI como remuneração. Se um banco vender um CDB oferecendo rentabilidade de 92% do CDI, por exemplo, num dia em que essa taxa estiver a 13,64% ao ano, o cliente ganhará 12,55% ao ano. Um depósito de R$ 1 mil, por exemplo, renderia R$ 125,5 em um ano. Mas os bancos podem oferecer mais ou menos de 92%, dependendo do acordo.
Essa é a maneira mais comum de determinar o rendimento de um investimento em CDB, chamada de pós-fixada. Porém, há outras maneiras de o banco acertar quanto o cliente vai ganhar de juros, como a pré-fixada, em que é combinada uma taxa no momento da contratação. Essa taxa que não vai mudar mesmo que o CDI flutue. O banco pode usar também como parâmetro a variação da inflação.
Quando o investimento acaba?
Quando o investidor contrata um CDB, ele combina com o banco um prazo de vencimento. O número de meses ou até anos varia de acordo com a escolha do cliente. Esse prazo também influencia na rentabilidade, já que, em geral, taxas mais altas são oferecidas para CDBs com tempo de carência maior.
O cliente pode retirar o dinheiro que investiu a hora que quiser, como na poupança, ou deixar o montante rendendo até o fim do prazo combinado. Porém, quando esse período acaba, o dinheiro precisa ser resgatado e, caso o cliente queira continuar o investimento, a reaplicação precisa ser negociada com o banco.
E se o banco quebrar?
Assim como a poupança, investimentos em CDB de até R$ 250 mil têm o reembolso garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito, do Banco Central.
O que são títulos do Tesouro Direto?
Comprar um papel do Tesouro é um investimento que funciona como um empréstimo ao governo. Uma pessoa compra um título da dívida pública e recebe depois de um prazo de vencimento do papel o valor investido acrescido das taxas de rentabilidade, ou seja, os juros pelo dinheiro emprestado aos cofres públicos.
O governo utiliza esses recursos para financiar seus gastos. Não é possível comprar um título do Tesouro por conta própria – o investidor precisa procurar uma corretora.
Quanto o Tesouro rende?
As taxas de rentabilidade do Tesouro são maiores que as da poupança e as do CDB. Existem muitos tipos de títulos, com formas diferentes de determinar a rentabilidade. Um deles é o pré-fixado, que permite que o investidor saiba a porcentagem de rentabilidade que terá quando vencer o prazo do título. Há também os pós-fixados, sujeitos à variação da Selic ou da inflação.
Quando o investimento acaba?
O Tesouro possui vários de tipos de títulos à venda, com vencimentos que vão de 2016 a 2050. O investidor precisa escolher qual é o mais apropriado para o seu caso – com vencimento mais próximo e maior liquidez, mesmo com o rendimento mais baixo, ou com um prazo mais longo e uma rentabilidade mais vantajosa.
Mas o prazo não significa que o investidor não pode resgatar seu dinheiro até que chegue o ano de vencimento. É possível vender os títulos de volta a qualquer momento. Porém, isso pode diminuir a rentabilidade.
Além disso, os títulos são comprados a valor de mercado e podem estar custando menos no momento da venda, fazendo com que o investidor receba um valor menor que o investido pelo título (desconsiderando a rentabilidade).
Agora, se o investidor permanecer com os títulos até a sua data de vencimento, sem vendê-los, receberá o valor correspondente à rentabilidade acertada no momento da compra, independente das variações de preço do título ao longo da aplicação.
Fonte: G1