Cerca de 300 pessoas e 27 embarcações foram mobilizadas para conter os danos. Sem uma dimensão exata da contaminação causada pelo vazamento, a prefeitura recomendou aos banhistas que evitem nove praias nas regiões central e Costa Norte: Porto Grande, Deserta, Ponta da Cruz, Arrastão, Portal da Olaria, São Francisco, Figueira, Cigarras e Enseada. Em toda a região afetada há relatos de forte cheiro de produto químico na água.
Segundo o secretário de Meio Ambiente municipal, Eduardo Hipólito, já foram encontradas manchas na praia de Toque Toque, um dos paraísos ambientais da região, perto de praias famosas, como Maresias e Camburi.
— O óleo que vazou é o MS 320, que serve de combustível para alimentar caldeiras de navios. É um óleo muito fino, o que dificulta muito sua contenção — disse Hipólito.
Prejuízo para moradores
O secretário avalia que o óleo pode rapidamente alcançar praias, mangues e costões rochosos localizados a até 20 quilômetros do local do vazamento por causa dos ventos fortes na região. Hipólito criticou a reação da empresa e disse ter sido avisado por um pescador. Em nota, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, informou que o vazamento foi detectado por volta das 17h50 de sexta-feira e que deslocou imediatamente equipes de contingência para o local. A empresa afirma ainda que as causas do incidente estão sendo investigadas.
Pelo Tebar, passam 55% de todo o petróleo consumido no país. No ano passado, os vazamentos da Petrobras cresceram 65% em relação ao ano anterior. Foram derramados 387 mil litros no meio ambiente em 2012.
O capitão de fragata Alexandre Motta de Sousa, delegado da Capitania dos Portos de São Sebastião, percorreu a área de helicóptero e identificou ao menos três quilômetros de mancha.
— Por conta do vento e da corrente marinha, a mancha já se desloca em direção à enseada de Caraguatatuba e segue em sentido norte — afirmou, ressaltando que equipes continuavam a sobrevoar o local.
Mesmo sem a dimensão exata do evento, alguns moradores já sentem os prejuízos. Dona há dois meses de um restaurante japonês na cidade, em frente à praia e próximo ao terminal da Petrobras, a empresária Karina Insaurrade Lima disse que os clientes deixaram o estabelecimento na sexta-feira por causa do mau cheiro.
— Além de as pessoas não aguentarem o cheiro, como vão querer ir a um restaurante japonês para comer peixe? — disse, lamentando a falta de informações sobre o trabalho de contenção do material.
O presidente da Colônia de Pescadores de São Sebastião, Acácio Waldomiro da Cruz, no entanto, acredita que o problema deve ser menor do que imaginam as autoridades. Segundo ele, a Petrobras, ao contrário do que fez no passado, não requisitou nenhum dos 80 barcos da associação para ajudar na contenção. Ainda assim, ele diz estar preocupado.
— Essa área (canal de São Sebastião, atingido pelo vazamento) é onde normalmente pescamos tainhas e paratis, que são peixes de rede. Certamente, não é possível pescar nada nesse momento — disse Acácio, explicando que os pescadores foram orientados a voltar a trabalhar só depois de um laudo a respeito das condições ambientais na área.
Plano Vazamento Zero não decola
A Petrobras anunciou ao mercado no começo de 2012 o lançamento do plano Vazamento Zero, uma meta para minimizar os impactos ambientais da exploração petrolífera decorrentes do derramamento de petróleo e derivados no mar e em terra.
Mas, no primeiro ano da medida, ocorreu exatamente o contrário, mesmo com queda de 2% na produção de petróleo, para 2,1 milhões de barris de óleo e líquido de gás natural (LGN) por dia. No ano passado, cresceu em 65% o volume de vazamentos da Petrobras. Foram derramados 387 mil litros no meio ambiente em 2012.
Funcionários da companhia estimam que cerca de 33% desse volume foram derramados no transporte de combustíveis. Procurada, a petrolífera responsabilizou o “imponderável” pela alta dos vazamentos.
Fonte: O Globo