Economia

OGX fecha acordo com credores internacionais

 
O acordo prevê a injeção de cerca de US$ 200 milhões por parte dos investidores internacionais e a conversão da dívida total da empresa (US$ 5,6 bilhões) em ações da companhia. O montante refere-se aos valores cobrados por credores estrangeiros (US$ 3,6 bilhões), fornecedores (US$ 500 milhões) e pela OSX (US$ 1,5 bilhão) – empresa naval de Eike. Os principais credores estrangeiros são os fundos de investimentos Pimco, BlackRock, Ashmore e GSO.
 
Com o acerto, se tudo correr como planejado, todos os credores da empresa passarão a deter cerca de 83% das ações da OGX. Com isso, a participação de Eike, hoje de cerca de 50%, cairá brutalmente, para apenas 12% (5% diretamente e outros 7% por meio da OSX).
 
Os acionistas minoritários, que compraram ações da OGX e agora processam a empresa por informações enganosas ao mercado, serão os maiores prejudicados. Sua fatia vai sair dos atuais 50% para apenas 5% das ações da companhia.
 
Os negociadores de Eike amarram a operação de forma que os credores só terão participação majoritária na companhia se optarem por converter o dinheiro novo em ações. Caso não concordem, a dívida que cobram vai valer apenas 25% das ações da empresa. Ou seja, os valores bilionários cobrados, na prática, valem muito pouco, já que a empresa está quebrada. É o dinheiro novo que dará a eles os 65% restantes da companhia.
 
Até o final de janeiro, quando a operação estiver totalmente fechada, a administração da OGP, sob o comando da Angra Partners, vai apresentar o plano completo de reestruturação da empresa. Depois, será marcada a assembleia de credores para a aprovação formal do plano e a saída da antiga OGX da recuperação judicial.
 
Pela lei, se o plano for rejeitado, a empresa é obrigada a decretar falência. Com o acordo fimado hoje, contudo, os reestruturadores da OGX deram um passo decisivo para ter a maioria dos votos na assembleia.
 
Sem dinheiro e com dívidas bilionárias, a petroleira vinha tentando fechar um acordo de reestruturação da dívida com os credores estrangeiros desde setembro. Mas, diante da falta de consenso entre os investidores, viu-se obrigada a buscar proteção da Justiça para suspender pagamentos e não quebrar.
 
A negociação é crucial para o plano de reestruturação financeira da companhia. O dinheiro novo garantirá recursos para que a empresa siga com a produção de petróleo em Tubarão Martelo, sua única fonte de receitas no momento. Em janeiro, há um grande volume de gastos com o campo, com o pagamento de barcos de apoio e novas conexões de poços, por exemplo.
 
Além disso, a injeção financeira permitirá que faça os investimentos necessários no bloco BS-4, que ainda não está produzindo, mas é importante para o futuro da companhia. Há meses, a petroleira está inadimplente com os sócios no empreendimento.
 
Segundo a Queiróz Galvão Óleo e Gás, que explora o bloco juntamente com a OGX e a Barra Energia, já são R$ 73 milhões devidos pela petroleira de Eike.
 
O dinheiro dos credores, no entanto, ainda deve demorar um pouco para chegar. Por conta disso, a empresa negocia um empréstimo-ponte de cerca de US$ 50 milhões para cobrir as despesas no período, apurou a Folha.
 
A negociação com os credores não foi fácil. No início das tratativas, eles resistiam em injetar mais dinheiro na antiga OGX e queriam reduzir a participação de Eike ao mínimo possível. Só toparam injetar recursos novos, porque ficou claro que seria a única forma da empresa não quebrar.
 
Um dos principais nós da negociação foi o tamanho da dívida da petroleira com a OSX – exatamente porque determinaria a fatia final de Eike no negócio. A OSX defendia que tinha a receber US$ 2,6 bilhões, enquanto os credores defendiam que não havia justificativas para um pagamento superior a US$ 900 milhões. O valor acertado hoje foi de US$ 1,5 bilhão.
 
Folha de S. Paulo 

Redação

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