Por María Luz Thomann, Bióloga e ornitóloga.
Entre os alimentos preferidos das arraias está o plâncton, uma mistura de organismos microscópicos como algas, protozoários, larvas e pequenos crustáceos, como o krill. Além do plâncton, elas também podem consumir pequenos peixes e outros organismos diminutos presentes na água.
As arraias, pertencentes à família Mobulidae, são peixes cartilaginosos conhecidos por seu tamanho impressionante, sua forma achatada e seus movimentos elegantes na água. Esses animais marinhos, que incluem espécies como a jamanta-de-recife e a jamanta, habitam águas tropicais e subtropicais em todo o mundo. Apesar de não caçarem presas grandes, as arraias desenvolveram um sistema de alimentação especializado que lhes permite consumir grandes quantidades de alimento sem a necessidade de caça ativa.,
Tipo de alimentação das arraias
As arraias são animais filtradores, um tipo de alimentação especializada que permite a esses peixes obter alimento sem necessidade de caçar ativamente. Esse método, chamado de alimentação por filtração, consiste em nadar com a boca aberta, deixando a água passar por estruturas especiais localizadas em suas brânquias chamadas filtros branquiais ou placas de filtração. Essas placas funcionam como uma peneira, capturando partículas de alimento suspensas na água enquanto deixam passar a água limpa.
Durante a alimentação, as arraias costumam buscar zonas de alta concentração de plâncton, que geralmente coincidem com áreas onde as correntes oceânicas acumulam nutrientes.
O que comem os filhotes de arraia?
As arraias filhotes, ao nascer, possuem uma alimentação similar à dos adultos: alimentam-se principalmente de plâncton e pequenos organismos presentes na água. Desde o nascimento, as crias das arraias são independentes e não dependem dos cuidados parentais, começando a buscar alimento por conta própria desde muito cedo.
Devido ao seu pequeno tamanho, as arraias jovens focam no consumo de partículas de plâncton e pequenos organismos que conseguem passar facilmente pelos filtros branquiais. Entre esses organismos estão:
- Fitoplâncton: algas microscópicas que flutuam na água e são ricas em nutrientes;
- Zooplâncton: pequenos crustáceos, larvas e outros organismos diminutos que se movimentam na água.
Os filhotes as geralmente procuram áreas onde o plâncton é abundante, o que lhes permite obter alimento suficiente para crescer rapidamente. Assim como os adultos, elas filtram a água com a boca aberta para capturar essas partículas, mas preferem áreas mais protegidas, como recifes rasos ou baías ricas em nutrientes, onde a concentração de plâncton é maior e o risco de predadores é menor.
Nas primeiras fases de vida, as arraias jovens precisam consumir grandes quantidades de plâncton para sustentar seu rápido crescimento e desenvolvimento. À medida que crescem, sua capacidade de filtração melhora, permitindo-lhes consumir maiores quantidades de alimento e se adaptar melhor às correntes de alimentos disponíveis em seu habitat.
O que as arraias adultas comem?
Chegou a hora de responder à pergunta mais frequente: o que comem as arraias adultas? Ou, mais especificamente, o que comem as arraias de água doce?
As arraias grandes e adultas baseiam sua dieta principalmente no plâncton, composto por algas microscópicas (fitoplâncton) e pequenos organismos, como crustáceos e larvas (zooplâncton). Elas também podem ingerir peixes pequenos e outros organismos que passam pelos filtros branquiais, como ocorre com as arraias de água doce. Esse tipo de alimentação por filtração é ideal para sua anatomia e permite que elas atendam às suas altas demandas energéticas sem a necessidade de caçar presas grandes.
Elas costumam se alimentar em áreas de alta concentração de plâncton, como recifes, plataformas continentais ou locais onde as correntes oceânicas acumulam nutrientes. Nesses ambientes, nadam com a boca aberta para filtrar grandes volumes de água e capturar partículas de alimento em suas brânquias. Para se alimentar, as arraias realizam movimentos em espiral ou circulares, maximizando a eficiência da filtração e aproveitando ao máximo cada “nuvem” de plâncton.
Devido ao seu tamanho, especialmente no caso da jamanta (Mobula birostris), elas precisam consumir plâncton em abundância para manter sua energia e sustentar seu estilo de vida ativo, incluindo longas migrações. Essa dieta rica em partículas diminutas garante que as arraias permaneçam saudáveis e ativas em seus habitats oceânicos.
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Qual a quantidade de comida que as arraias comem?
As arraias, devido ao seu grande tamanho e estilo de vida ativo, precisam consumir uma quantidade significativa de alimento diariamente. Em média, estima-se que elas ingiram entre 5% e 10% de seu peso corporal em alimento por dia. Esse consumo elevado é essencial para cobrir suas necessidades energéticas, permitindo que nadem longas distâncias e permaneçam em movimento enquanto buscam áreas ricas em nutrientes.
Para atender às suas necessidades alimentares, as arraias migram para zonas ricas em plâncton, onde podem filtrar grandes volumes de água e capturar partículas de comida — um aspecto crucial para sua sobrevivência. Nesses locais, os padrões de nado em espiral ou circulares ajudam a concentrar mais plâncton ao redor de suas bocas, otimizando a ingestão de alimento a cada passagem.
O consumo diário de uma arraia varia segundo a espécie, o tamanho e as condições ambientais, como a disponibilidade de alimento na área. As jamantas, por exemplo, precisam ingerir mais devido ao seu porte e às extensas migrações que realizam.
Agora que você já sabe o que as arraias comem, talvez esteja se perguntando: arraia jamanta é perigosa? Descubra a resposta no PeritoAnimal!
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Bibliografia
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Foto e fonte: https://www.peritoanimal.com.br/o-que-as-arraias-comem-25302.html