Circuito Maçônico

O berço da maçonaria em Cuiabá

A capital do Estado de Mato Grosso, Cuiabá, surgiu às margens do rio Coxipó em 8 de abril de 1719, fruto da existência de um pequeno povoado cuja ata de fundação foi assinada por Pascoal Moreira Cabral. Mas a primeira notícia sobre o território atual de Cuiabá remonta aos anos de 1670 a 1673 quando o Manoel de Campos Bicudo subiu o Rio Cuiabá até chegar no Morro da Canastra, hoje chamado de Morro de São Jerônimo, que está situado no vizinho município de Chapada dos Guimarães/MT.

Por sua vez, Miguel Sutil chegou até a embocadura do córrego Prainha juntamente com João Francisco Barbado, onde os índios lhe indicaram ouro colhido no local que mais tarde seria denominado “Lavras do Sutil”, nas proximidades do local da atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, onde se edificaria efetivamente Cuiabá.

Em 27 de abril de 1724, a Capitania de São Paulo organizou as Minas do Cuiabá com a nomeação de João Antunes Maciel como Superintendente Geral das Minas e de Fernando Dias Falcão como Capitão-Mor-Regente. E o governador de São Paulo, Dom Rodrigues Cezar de Menezes, veio de São Paulo em 6 de julho de 1726 para instalar o município de Vila Real de Bom Jesus do Cuiabá. Em 1823 o Imperador D. Pedro I tornou Cuiabá a capital da Província de Mato Grosso, que na época era Vila Bela da Santíssima Trindade.

A relação da Maçonaria com a tricentenária Cuiabá tem muito a ver com a estreita e umbilical ligação da História da Benemérita Augusta Respeitável e Centenária Loja Simbólica Acácia Cuiabana, que esse ano irá completar 124 anos de existência. A referida loja maçônica, como se diz no cuiabanês, é fruto da visão de dois maçons “pau-rodados”, o Capitão da Armada e médico baiano Manoel Joaquim dos Santos e o Bacharel em Direito cearense João Aquino Ribero, que se encontraram, casualmente, na casa do Coronel Antonio Paes de Barros. Manoel Joaquim dos Santos era o médico particular do Coronel Antonio Paes de Barros e João Aquino Ribeiro era noivo de sua filha Alice.

Nas conversas ficou evidenciada a necessidade de criação de uma Loja Maçônica para congregar os maçons que viviam dispersos em Cuiabá, uma vez que, por volta de 1895/96, a Loja “Estrela do Ocidente” tinha fechado e os maçons que por aqui estavam ficaram sem um local para a prática de seus trabalhos ritualísticos. Assim, após os contatos necessários no dia 18 de maio de 1900 houve a reunião no Salão da Sociedade da Escola Dramática, situada na Rua Barão de Melgaço nº. 05, que à época era chamada Rua do Campo, para a fundação de uma Loja Maçônica, onde acorreram 10 maçons e foi inicialmente deliberada a fundação da Loja Maçônica Acácia Cuiabana.

Ocorrida no dia de 12 de outubro de 1900 a reunião para a regularização e instalação da Loja Maçônica Acácia Cuiabana foi realizada com a presença de 35 maçons e com todos os documentos necessários devidamente preparados pelo representante do Grande Oriente do Brasil, o Grande Inspetor Geral (grau 33) Benedito José da Silva França, a Oficina Maçônica entrou em funcionamento regular. A sua primeira sede foi na Rua Governador Rondon, nº 42, e a primeira eleição da sua Diretoria definitiva se deu 18 de outubro de 1900, com a escolha do Venerável Mestre Manoel Joaquim dos Santos, que a administrou por cinco anos consecutivos.

Entre os grandes maçons que prestaram relevantes serviços à Maçonaria, a Cuiabá e ao Estado de Mato Grosso estão Manoel Joaquim dos Santos, Jonas Corrêa da Costa, Oscar Carlos de Lima, Agrícola Paes de Barros, Aguilar Vieira do Nascimento, Cel. Antonio Joaquim de Faria Albernaz, Tenente-Coronel Severiano Cerqueira Daltro, Gal. Celestino Alves Bastos, Cel. Eudoro Corrêa de Arruda e Sá, Antonio Fernandes Trigo de Loureiro, Luiz da Costa Ribeiro, Olegário Moreira de Barros, Philogônio de Paula Corrêa, Januário da Silva Rondon, Isaac Póvoas, Gustavo Kuhlmann, Antonio Cesário Neto, Leônidas Pereira Mendes, Máximo Levy, João Ponce de Arruda, Edgar Prado Arze, Antonio Bruno Borges, Henrique Hesslein, Caetano Zapa, Virgilio Nunes Ferraz Junior, Francisco Martiniano de Araújo, José Nonato de Faria e Calil Mansur Bumlai, Antonio Paes de Barros, Pedro Leite Osório, Annibal Benício de Toledo, João Ponce de Arruda, Fenelon Muller, Julio Muller, Olegário de Barros, Gastão Muller, Vicente Vuollo, Horácio Vaz Guimarães, Hermenegildo Pinto de Figueiredo, Alexandre Magno Addor, Manoel Miraglia, Helio Palma de Arruda, Leonel Hugueney, João Celestino Corrêa Cardoso, Penn Gomes de Moraes, Joaquim Nunes Rocha, Generoso Ponce Filho, Antonio Corrêa da Costa Neto, João Cunha, Otavio Pitaluga, João Batista de Oliveira Filho, Nelson Ramos de Almeida, Salim Moysés Nadaf, Frederico Augusto Prado de Oliveira, Fabio Monteiro da Silva, Ulisses Cuiabano, Otavio Cunha, Franklin Cassiano, Otavio Cunha Cavalcanti, João Jacob, Manoel Ramos Lino, Estevão de Mendonça, Philogônio de Paula Corrêa, Generoso Ponce Filho, João Barbosa de Faria, Antonio Fernandes de Souza, José J. Ferreira de Vasconcelos, Agrícola Paes de Barros, Alcebíades Calháo, Rubens de Carvalho, Francisco Agostinho Ribeiro, Cesário da Silva Prado, George Pommot, Joaquim Justino Alves Bastos e Antonio Cesário de Figueiredo.

Por aqui se finda uma pequena resenha da relação da Maçonaria com a nossa querida Cuiabá, como forma de homenagear a cidade verde no seu aniversário de 305 anos, esperando-se colocar um mínimo de luz para aqueles interessados em conhecer um pouco mais sobre a formação das importantes instituições que moldaram a sua história como sociedade civil organizada.

Antonio Horácio da Silva Neto

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Antonio Horácio da Silva Neto é juiz de direito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e presidente da Academia Mato-grossense de Magistrados. Colaborador especial do Circuito Mato Grosso desde 2015.

1 Comentário

  1. Noethen .·. - Jose Eduardo

    7 de abril de 2024

    Parabenizo e agradeço o autor da peça por nos trazer fatos da nossa história que não são de conhecimento público..

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