Nacional

Número de garimpeiros presos em área indígena chega a 120

Cerca de 40 garimpeiros que atuavam na Terra Indígena Yanomami, no nordeste de Roraima, se entregaram nesta terça-feira (2) durante as atividades da 'Korekorema II', segundo João Catalano, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana, da Fundação Nacional do Índio (Funai). Nessa segunda-feira (1º), 80 garimpeiros já haviam sido presos.Catalano afirmou que mais 80 devem se render nas próximas horas, totalizando 200 detenções de pessoas em atividade ilegal na reserva indígena.

Após se renderem, os garimpeiros foram presos na região de Waicais, a 300 quilômetros de Boa Vista. "A operação já destruiu 90% das balsas, e nesta quarta-feira (3) a previsão é de que mais garimpeiros se entreguem. A retirada deles estava no nosso planejamento, mas não contávamos com a falta de combustível ", disse Catalano.Ele enfatizou que a maior dificuldade, no momento, é conseguir gasolina para abastecer os barcos e transportar os garimpeiros. Devido ao impasse, o coordenador disse que solicitou à Secretaria Estadual de Saúde do Índio (Sesai) 500 litros de gasolina.

"Vou recorrer à Brigada do Exército também para pedir combustível, mas ainda não consegui falar com alguém da unidade militar. Precisamos de dois mil litros de combustível para resolver essa situação e tirar os garimpeiros da reserva indígena", esclareceu.Catalano ressaltou que terá de apelar para a população por se tratar de uma 'causa humanitária'."Peço às pessoas que nos ajudem com gasolina e comida não perecível, pois 120 garimpeiros já se entregaram e mais farão isso. Não temos orçamento para retirar todos de voo. A nossa equipe entrou em área indígena de barco, e não de avião. Não preciso de gasolina para aeronave, mas combustível para motor de popa para sairmos via fluvial", explicou.

Combustível não entregue
Catalano assegurou que o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindipostos-RR), Abel Galinha, que também é dono de postos de gasolina e tem contrato com a Funai, não autorizou a entrega do combustível e nem informou sobre a decisão."São 200 garimpeiros que temos de trazer à capital e estamos, neste momento, de mãos atadas", afirmou Catalano. Galinha, que também é vereador, justificou afirmando que sua rede de postos não fornece combustível de avião.Abel Galinha disse possuir um contrato com a Funai, que não estaria sendo pago, e por isso interrompeu o fornecimento. O empresário se recusou a informar há quanto tempo o pagamento está atrasado.

Prioridades na retirada
Catalano ressaltou ser prioridade a retirada de avião de garimpeiros machucados e doentes. "O que não dá é trazê-los de aeronave. Mandamos gasolina e comida nesta terça e amanhã [quarta] mais litros e alimentos serão enviados, caso eu consiga mais para trazer os mais necessitados. Contudo, apesar do percalços, nossa missão foi cumprida, pois as balsas foram destruídas, por isso, os garimpeiros estão se rendendo", pontuou.Quase todas a balsas, totalizando 38, usadas pelas 500 pessoas que vivem da exploração do garimpo, já foram destruídas, causando um prejuízo de R$ 4 milhões aos financiadores do garimpo.

Operação
Iniciada há quatro dias, a 'Korekorema II' é a continuação de uma operação de mesmo nome desencadeada no início deste ano. Antes de iniciar a ação, membros da Funai fizeram um sobrevoo pela região no último dia 18 e constataram a prática da atividade ilegal.

G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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