Internacional

Novo Papa tira da Europa o centro de gravidade da Igreja

 
ROMA — A surpreendente eleição na quarta feira do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como novo Papa transferiu o centro de gravidade da Igreja Católica da Europa para a América Latina e funcionou como uma saudação enfática ao crescente poder dos latinos nas Américas. O Papa Francisco, o 266º Pontífice católico, não é apenas o primeiro latino-americano a ocupar o Trono de Pedro, mas também o primeiro jesuíta.
 
A escolha deixou em êxtase latinos de Los Angeles a Buenos Aires, em especial na América Latina, onde hoje vivem quatro em cada dez católicos do mundo. Mas ela também pode fornecer um estímulo estratégico à Igreja nos EUA, onde ela teria perdido terreno de forma expressiva ao longo dos últimos anos, não fosse pela chegada em grande número de imigrantes latinos.
 
A importância da eleição do Papa Francisco não passou despercebida pelos líderes da Igreja.
 
– A primeira evangelização (das Américas) aconteceu há mais de 500 anos, e essa é a primeira fez que temos um Papa. É algo muito importante – disse o arcebispo de Los Angeles, Jose Gomez, que nasceu no México.
 
Diferente em estilo, novo Papa compartilha convicções de Bento XVI
 
O novo Papa, conhecido pelos hábitos simples e sua ligação com os pobres, apresenta, de certa forma, um contraste em relação a seu predecessor, Bento XVI, um sofisticado teólogo que renunciou ao cargo – o primeiro a fazê-lo em 598 – alegando não ter condições físicas de desempenhar a função. Por outro lado, Francisco compartilha das posições doutrinárias doutrinárias de Bento e não deve modificar a posição da Igreja em relação a assuntos como a proibição da ordenação e o combate ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
 
Nos Estados Unidos, os católicos representam cerca de um quarto da população, e, entre esses, um terço são latinos. Na América Latina, a Igreja enfrenta muitas das mesmas batalhas culturais verificadas na Europa e nos EUA: aceitação cada vez maior das relações homossexuais, do aborto e do controle da natalidade, e uma onda crescente de pessoas abandonando a Igreja em direção a seitas ou e deixando de professar alguma religião.
 
– Muitos católicos estão deixando a Igreja na América Latina e migrando para seitas evangélicas. Eles já não se sentem em casa na Cristandade Católica – diz o jesuíta Luis Calero, professor de Antropologia na Universidade Santa Clara, na Califórnia – Ir a uma paróquia já não os completa, pois as paróquias são impessoais, não têm um sentimento de comunidade.
 
Calero diz ter esperanças de que o próximo Papa possa reverter essa situação caso possa responder a problemas cruciais: pobreza, pluralismo e a falta de padres devido à exigência de celibato.
 
Embora os mexicanos tivessem alguma esperança em relação ao cardeal José Francisco Robles Ortega, arcebispo de Guadalajara, os jornais locais celebraram a acensão histórica de um latino-americano ao Trono de São Pedro.
 
– (A escolha) nos enche de alegria, devido à ligação dele com o povo da América Latina – disse o monsenhor Eugenio Lira, secretário-geral da Conferência de Bispos do México – Ele poderá ser sensível às condições econômicas, e aos sofrimentos, alegrias e esperanças dos povos destas terras.
 
Enrique Krauze, historiador mexicano e analista político, disse haver grande esperança de que um Papa latino-americano ajude a promover a democracia e os direitos humanos na região:
 
– Se a Igreja assumir a bandeira da liberdade, fará um enorme benefício ao continente, que é a grande reserva da Igreja Católica no mundo.
 
Fonte: O Globo

Redação

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