É o que mostra uma enquete nacional feita pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos entre os dias 19 de novembro e 1.º deste mês. Das mil pessoas consultadas em 70 cidades, 30,4% pretendem gastar a segunda parcela do 13.º salário com presentes. Desses, 77,3% planejam comprar roupa e calçado. No ano passado, a fatia, mesmo majoritária, era um pouco menor: 74,3%.
A pesar da maior intenção do consumidor de adquirir esses produtos – normalmente pagos à vista e que escapam da pressão dos juros crescentes do crediário e do maior rigor dos bancos na aprovação do crédito -, os comerciantes de artigos de vestuário estão pessimistas em relação às vendas.
Sondagem da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) com 130 lojistas da cidade de São Paulo mostra que eles esperam queda de 3% nas vendas de roupas em relação ao mesmo período de 2012.
Essa também é a expectativa dos comerciantes do setor de eletroeletrônicos. De acordo com a Fecomércio-SP, essa perspectiva reflete a queda de confiança do consumidor e dos empresários em relação à economia.
Tablet. Apesar da expectativa desfavorável do varejo de eletroeletrônicos em geral, o tablet desponta no Natal como um novo objeto de desejo do consumidor. De acordo com a associação comercial, 2,7% dos entrevistados declararam que pretendem comprar esse item. O resultado é mais do que o dobro do registrado no Natal do ano passado, 1,3%.
"O tablet está substituindo uma série de itens como computador, notebook, videogame, máquina fotográfica, por exemplo. É um presente tanto para adultos como para crianças, e o preço está mais acessível este ano", diz o presidente da associação, Rogério Amato.
Depois das roupas, aparecem na lista de preferências do consumidor neste Natal as bijuterias, produtos de beleza (16%) e CDs e DVDs (9,3%). Na avaliação da associação comercial, o fato de itens de maior valor, como eletrodomésticos e computador, ocuparem as últimas posições da lista reforça a expectativa de que deve predominar a venda de itens de menor valor, comprados à vista.
O medo do consumidor de assumir dívidas no Natal tem motivos. Apesar de a inadimplência continuar em queda, as dívidas de até R$ 250 já representam um terço da inadimplência no País, de acordo com o indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Em novembro, 33,15% dos inadimplentes deviam até R$ 250 – em outubro essa fatia era de 32,98%. Para o SPC, o acréscimo pode indicar dificuldade do consumidor de baixa renda de pagar dívidas por causa da inflação elevada.
Estadão