A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, questionou o posicionamento do desembargador Marcos Machado, do Tribunal de Justiça, que nesta semana afirmou que irá ingressar com uma ação por reparação de danos morais contra ela e o promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, por conta da divulgação de uma conversa telefônica entre ele e o ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A interceptação foi realizada em setembro de 2015, quando a ex-primeira dama Roseli Barbosa estava presa, por conta da deflagração da Operação Arqueiro. O teor da conversa foi analisado como uma tentativa do ex-governador tentar influenciar o TJ por uma decisão favorável ao pedido de liberdade a Roseli.
Para o desembargador, a interceptação telefônica foi realizada pela tática ilegal conhecida como “barriga de aluguel” – em que números de telefones de pessoas comuns são inseridos em pedidos judiciais de quebra de sigilo, sem qualquer relação com investigações -, no âmbito da ação penal que ainda estava sob responsabilidade de Selma Arruda e que investiga suposto desvio de, pelo menos, R$ 2,8 milhões da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), por meio de contratos de fachada.
No entanto, Selma afirmou que agiu legalmente e que não vê motivo para tanto.
“Não vejo nenhuma ilegalidade em meu ato. Não vejo motivo para tanta confusão. Um caso como qualquer outro. Vários casos iguais acontecem diuturnamente na Vara e não são alvo desse tipo de descontentamento”, afirmou, em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta sexta-feira (2).
De acordo com a magistrada, a conversa foi interceptada, pois o ex-governador Silval Barbosa era um dos alvos da quebra de sigilo telefônico.
“O Gaeco pediu a interceptação do numero que estava no nome dele e de outros, que possivelmente ele utilizaria. Foi nesse sentido que eu deferi a interceptação telefônica e que acabou surgindo aquele problema que envolveu o desembargador”, disse.