Política

“Não podemos utilizar CPI como antecipação de uma eleição”, diz líder

Foto: Willian Matos

Com Felipe Leonel

O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Dilmar Dal’Bosco (DEM) condenou a proposta de deputados da oposição para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no intuito de investigar a existência de uma suposta central de interceptações telefônicas ilegais, em Mato Grosso.

O parlamentar acusou que o caso pode estar sendo usado como “palanque político” contra o governador Pedro Taques (PSDB).

“[A CPI] não traz nenhuma preocupação. Nós queremos que se investigue. [No entanto] não podemos fazer politicagem em cima desta situação. Vejo que é preciso ser tratado com seriedade”, disse à imprensa, nesta quarta-feira (17). 

“A CPI vai produzir o que? Não podemos utilizar [CPI] como trampolim político ou antecipação de uma eleição. CPI é um procedimento sério, que deve ser analisado friamente para ser aberta”, completou.

De acordo com o parlamentar, a realização de uma CPI seria perda de tempo e dinheiro, pois o caso já é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), além de órgão envolvidos na irregularidade, como o Tribunal de Justiça (TJ-MT), Ministério Público Estadual (MPE) e a própria Polícia Militar. “Não seremos nós a julgar alguma coisa. O que podemos fazer é elaborar um relatório e encaminhar ao MPE, TJ, Governo e PM, que já estão investigando o caso”.

A proposta de criação da CPI partiu, inicialmente, da deputada Janaina Riva (PMDB), uma das possíveis vítimas dos grampos telefônicos ilegais, supostamente realizados por policiais militares.

Dilmar disse que ao propor a CPI, Janaina se esquece do partido que faz parte e os escândalos envolvendo o PMDB e o ex-governador Silval Barbosa.

“Querem fazer palanque político. Deputado parece que se esquece do seu passado e do partido que faz parte, na qual foi envolvido em um grande escândalo de roubo de dinheiro público. Tem que ter calma”, declarou.

De acordo com denúncia realizada pelo ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), o promotor de Justiça Mauro Zaque, o sistema de arapongagem tinha como alvos adversários políticos do Governo, advogados, médicos, jornalistas, empresários e outros.

Custo desnecessário

Dilmar ainda pontuou que o custo para a realização de uma CPI é alto para os cofres da Assembleia. A CPI das Obras da Copa, por exemplo, gerou gastos em torno dos R$ 3 milhões.

“O gasto com uma CPI é alto. Isso é dinheiro público. Seria mais produtivo trabalhar em economia de gastos, do que ter um custo elevado e resultar em um relatório que será encaminhado para órgãos que já estão investigando o caso”, pontuou. 

A “arapongagem”, de acordo com a denúncia do promotor de Justiça Mauro Zaque, tinha entre outros alvos, o nome da deputada Janaina Riva (PMDB), do advogado José do Patrocínio e do jornalista José Marcondes dos Santos “Muvuca”.

A suposta quebra de sigilo telefônico ilegal era feita por meio de um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, em que números de telefones de pessoas sem conexão com uma investigação são inseridos em um pedido judicial de quebra de sigilo telefônico.

Além da deputada Janaina Riva, do jornalista José Marcos dos Santos “Muvuca” e do advogado José do Patrocínio, a lista de números telefônicos supostamente grampeados clandestinamente pela Polícia Militar de Mato Grosso também traz contatos de servidores da Assembleia Legislativa, ex-secretário adjunto da Capital, assessores parlamentares e até de um ex-desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-MT).

O caso

A suposta arapongagem em Mato Grosso teve repercussão nacional na noite deste domingo (15), quando foi revelado que Janaina, Muvuca e Patrocínio tiveram o sigilo telefônico quebrado por meio de um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, em que números de telefones de pessoas sem conexão com uma investigação são inseridos em um pedido judicial de quebra de sigilo telefônico.

Neste caso, os contatos foram inseridos no pedido de quebra de sigilo telefônico no âmbito de investigação de tráfico internacional de drogas.

A lista de grampeados é composta, até mesmo, por uma empresária que teria tido um relacionamento amoroso com o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques – exonerado na última quinta-feira (10) -, Tatiane Sangalli.

Outros que integram a lista são: o atual secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento Humano de Cuiabá, Vinicius Hugueney (PP); o assessor do deputado Wagner Ramos (PR), Eduardo Gomes Silva Filho; o assessor especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Romeu Rodrigues da Silva; a jornalista Larissa Malheiros Batista; a filha do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, Kely Arcanjo Ribeiro Zen; os servidores da Assembleia Legislativa, Mario Edmundo Costa Marques e Carlinhos Bergamasco (já falecido); desembargador aposentado José Ferreira Leite; e a gerente de Inteligência e Contra Inteligência da Casa Militar, Claudia Rodrigues de Gusmão.

A denúncia já é investigada na Procuradoria-Geral de Justiça (PGR). O governador Pedro Taques negou seu envolvimento do suposto crime. Além disso, afirmou que não foi avisado sobre o caso.

Leia mais:

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Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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