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‘Não é justo enterrar meu bebê’, diz mãe de menino morto em carro

Inconsolável, Carla Martins de Oliveira repetiu várias vezes, durante enterro do filho de 2 anos, a mesma frase: "Não é justo enterrar o meu bebê". A dor da mãe diante da perda precoce do menino Gabriel Martins de Oliveira Alves da Silva comoveu amigos e familiares que acompanhavam o enterro da criança no Cemitério de Irajá, no Subúrbio, na tarde deste domingo (14). O menino morreu na sexta-feira (12) depois de ficar quase 2 horas dentro de um carro.

Minutos antes do sepultamento, Carla contou como foi seu último momento com Gabriel. "Antes de entrar naquele carro meu filho disse: 'Mamãe!' e me deu um beijo, o último beijo", disse, emocionada.

Junto com o corpo do menino, foram enterradas pipas com os personagens Peppa e George, do desenho infantil "Peppa Pig" – favorito do menino.

No final da cerimônia, Carla prometeu ao filho que buscaria por justiça. "Mamãe te ama meu filho, sua morte não vai ficar impune. Deus vai mostrar a verdade".

Gabriel foi achado desacordado em um Gol preto em Vicente de Carvalho, no Subúrbio. Ele foi socorrido, mas já teria chegado morto ao hospital. A polícia suspeita que a mulher responsável pelo transporte da criança, identificada como Cláudia Vidal da Silva, de 33 anos, tenha esquecido o menino dentro do carro.

 

'Foi um descaso', diz mãe

No sábado (13), a mãe da criança disse que essa não foi a primeira vez que a condutora do veículo "esqueceu" a criança. Carla Martins de Oliveira contou ainda que a pediatra que atendeu Gabriel afirmou que a criança tinha sinais de insolação extrema.

"Ela já esqueceu meu filho antes. Uma vez, ela teve a cara de pau de falar: 'seu filho é um amor, muito bonzinho, então, eu prefiro entregar todas as crianças primeiro e deixo seu filho por último'. Só que dessa vez ela não entregou. Foi um descaso. E um descaso da creche que não ligou para avisar que meu filho não chegou", disse.

De acordo com policiais, ela buscou o menino para levá-lo à creche, mas o teria esquecido dentro do veículo por volta das 10h de sexta. A motorista só teria lembrado da criança cerca de duas horas depois. Ela foi autuada por exercício ilegal da profissão.

"Meu filho tinha só 2 anos. Meu filho não sabia nem falar. Como meu filho ficou sozinho trancado dentro de um carro no calor? Ele não tinha nem como pedir ajuda", disse a mãe.

Motorista disse que teria desmaiado

A 27ª DP (Vicente de Carvalho) instaurou inquérito para apurar o crime de abandono de incapaz com resultado de morte. De acordo com a Polícia Civil, o veículo e as roupas da criança foram apreendidos e encaminhados à perícia. Os agentes investigam a versão apresentada por Cláudia de que ela teria passado mal e desmaiado e, por isso, a criança teria ficado no veículo.

"Ela contou que estava a caminho da creche dele [Gabriel] para levá-lo como faz diariamente, quando teve um mal súbito, encostou o carro e desmaiou. Após acordar e retomar a consciência, infelizmente, o Gabriel já estava em complicações, certamente, já sofrendo de convulsão", disse o delegado da 27ª DP, Gustavo Castro.

Além de Cláudia, os investigadores já ouviram o depoimento da mãe da criança e de algumas testemunhas. Os agentes agora procuram imagens de câmeras de segurança instaladas na região que possam ajudar nas investigações.

"Ate o momento, não temos provas concretas de que realmente ela tenha abandonado a criança e tenha dado causa à morte do Gabriel", acrescentou o delegado. Cláudia pode responder por homicídio culposo – quando não há intenção de matar.

Amiga de motorista se passou pela mãe

O tio do menino, Fagner Alves da Silva, esteve no Instituto Médico-Legal (IML), no sábado, e contou que uma amiga de Claúdia teria se passado pela mãe do menino no momento em que a criança deu entrada Hospital Municipal Francisco Telles, em Irajá. Ainda segundo Fagner, apenas após a morte de Gabriel a família teria sido informada sobre o ocorrido. O tio da criança lamentou o fato de Cláudia Silva não ter ficado presa.

"O que mais dói é ela ter saído pela porta da frente da delegacia. Ela foi para casa dela e meu irmão e minha cunhada ficaram sem o filho", disse Fagner.

G1

Redação

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