O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, enfim deve prestar depoimento à Câmara, nesta terça-feira. Depois de adiar seu depoimento na semana passada em virtude de viagem aos Estados Unidos, Moro será ouvido por uma audiência de peso. Quatro comissões se reúnem para saber o que o ministro tem a falar sobre as mensagens trocadas entre ele e os procuradores que vêm sendo divulgadas pelo site The Intercept: de Constituição e Justiça, de Trabalho, de Direitos humanos e de Fiscalização Financeira e Controle.
Moro deve encontrar clima mais hostil do que em seu depoimento ao Senado, há duas semanas. O conteúdo das perguntas deve ser o mesmo: deputados questionarão se as mensagens colocam em dúvida sua imparcialidade como juiz ou não, o que pode levar a mudanças não só na tramitação da Lava-Jato, como também em sua própria permanência no ministério. As respostas também terão tom similar às concedidas ao Senado: Moro não confirmará ser o autor, mas ainda assim dirá que não vê nada de mais nas trocas.
Desde seu depoimento ao Senado, dois episódios forneceram combustível para aliados e opositores do ministro. No dia 24, após uma nova leva de revelações, Moro enviou áudio se explicando a integrantes do Movimento Brasil Livre, citado pelo The Intercept. Sinal de que as mensagens é verdadeira, diz um lado. Em outro episódio, no último dia 28, o The Intercept corrigiu o nome de um dos citados nas mensagens, alegando falha na edição. Comprovação de que o conteúdo é fantasioso, diz o outro lado.
O depoimento à Câmara será dado dois dias depois que manifestantes se reuniram em mais de 80 cidades brasileiras em atos de apoio ao ministro da Justiça. Segundo Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME, as passeatas comprovam a centralidade de Moro no projeto político antipetista. “Bolsonaro é coadjuvante e o mito é Moro”, afirma Praça.
Na frente jurídica, as consequências das mensagens que vêm sendo reveladas ainda é incerta. A parcialidade do ministro em ações contra Lula foi tema de julgamento no Supremo Tribunal na semana passada, mas a decisão ficou para agosto. Enquanto isso, a política dará o tom. O depoimento do “mito” começa às 14h.