As mulheres que atuam nos diferentes elos da cadeia do agronegócio apreciariam ter mais tempo para estudar sobre gestão empresarial e de pessoas, bem como gostariam de aprender mais sobre finanças e negociação. É o que apontou a pesquisa “Todas as Mulheres do Agronegócio”, encomendada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), divulgada recentemente durante o 2° Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo (SP).
Conforme explica a diretora geral do Grupo Valure, coach executiva e consultora de gestão Lorena Lacerda, este quadro não é diferente em Mato Grosso. Ele reflete a busca crescente das mulheres pela profissionalização – desde a formação acadêmica até a educação especializada por meio de pós-graduações e cursos específicos de curta duração.
“O protagonismo feminino está cada vez mais presente no agronegócio e ganha força a cada dia. Há um grande interesse por parte das mulheres em se desenvolverem e adquirem mais conhecimento para que possam continuar contribuindo de forma significativa para o setor – seja dentro ou fora da porteira. Aliás, muitos cursos de agronomia, por exemplo, já estão cheios de mulheres competindo de igual para igual com os homens no mercado de trabalho", destaca.
No estudo, a maioria das 862 entrevistadas disse estar preparada para as posições de liderança – já conquistada por muitas. Inclusive, a maioria das participantes da pesquisa (59,2%) declarou que é proprietária ou sócia; 30,5% são funcionárias ou colaboradoras; e 10,4% são gestoras, diretoras, gerentes, coordenadoras ou atuam em funções administrativas.
“Quem tem trazido as mulheres para operação em seus negócios retratam um ganho muito relevante com a diversidade: elas contribuem muito com sua sensibilidade para com o fator humano, criatividade, visão sistêmica e capacidade de realizar múltiplas tarefas. As empresas do agronegócio – seja em Mato Grosso ou pelo país – precisam evoluir para mais diversidade em suas operações”, pondera.
ESTEREÓTIPOS E PRECONCEITOS – De acordo com o estudo, um grupo grande de entrevistadas (61,1%) afirmou não enfrentar nenhum problema de preconceito com sua liderança por ser mulher. No entanto, um pequeno percentual (9,4%) destacou que não foi levada a sério; 8% afirmou que sentiu desconfiança de outras pessoas com relação à sua habilidade no cargo; 11% percebeu dúvidas acerca de seu conhecimento e 8,8% notou desconfiança com sua capacidade de negociar.
Neste viés, Lorena complementa que as mulheres estão traçando um caminho positivo em prol de romper com estereótipos e preconceitos. Hoje, elas são gestoras competentes, bem como trabalhadoras motivadas e bastante conciliadoras, que transitam entre o campo e a cidade com a mesma facilidade com que harmonizam carreira e família.
“Assim como em outros setores, cabe à mulher assumir seu papel e lutar pelo seu espaço. Apesar de enfrentarem desafios que envolvem desde o ritmo de viagens até aqueles originados do próprio ambiente tradicionalmente masculino, elas têm lidado com isso com bastante tranquilidade. A propósito, é preciso rever aquela máxima de que, para dar certo no agronegócio e ser respeitada, a mulher precisa se masculinizar. Deixar de usar saia, batom ou salto alto, por exemplo. A mulher tem é que se sentir bem sendo quem ela é”, ressalta.
TODAS AS MULHERES DO AGRONEGÓCIO – Elaborada pela empresa de pesquisa IPESO, o estudo – que entrevistou 862 mulheres de todos os cantos do país – teve como objetivo traçar o retrato e a realidade da mulher que atua na gestão de empreendimentos agropecuários por meio de um mapeamento que identificasse formação acadêmica, perfil do negócio ou empreendimento rural, atuação no negócio, dificuldades e desafios encontrados, gestão de tempo entre trabalho e família, além de inserção no mundo digital.