Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu, no Uruguai, tendo vivido como exilado na Argentina e Catalunha de 1973 a 1985, quando retorna a sua terra natal após o fim da ditadura militar, sendo agraciado com os prêmios José Maria Arguedas, Bicentenário da Independência Mexicana, American Book Award da Universidade de Washington entre vários outros.
No seu relato em “Mulheres” o autor apresenta mulheres que comovem por sua determinação, desobediência a ordem estabelecida e sua suposta fragilidade para dar eco a tantas outras nos dias de hoje que anonimamente se tornam ainda mais visíveis e dão personalidade a todas as formas de luta pela igualdade de direitos.
Joana D´Arc, Rosa de Luxemburgo, Eva Perón, Carmen Miranda, Frida Kahlo, Camille Claudel, Josephine Baker, Maria Padilha, Cleópatra, Sherazade e Calpúrnia, entre outras grandes da história, assim como as façanhas coletivas femininas que lutaram na comuna de Paris ou que fizeram penetrar no templos africanos da Bahia os seus lindos cânticos e várias outras são narradas em textos curtos e de extrema precisão.
O relato de Eduardo Galeano começa com Sherazade de “As mil e uma noites”, onde em cada dia contava uma nova história ao rei para garantir sua vida, sendo essa a sensação passada ao leitor ao sorver cada uma página de sua obra ao deitar os olhos nas narrativas que afastam o esquecimento e exaltam a história de todas as mulheres que nunca se resignaram com o estado de coisas e que lutaram para modifica-lo.
Sua ode as mulheres podem ser retratada neste pequeno excerto do seu excelente livro:
"A noite
Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada nas minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora.
Mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta."
Mulheres
Eduardo Galeano
Tradução de Eric Nascimento e Sérgio Faraco
Porto Alegre/RS: L&PM Editores, 2020.