Cidades

Muçulmanos que moram no Brasil relatam agressões

Muçulmanos brasileiros, ou que vivem no nosso país, relataram um aumento do número de casos de intolerância e de preconceito depois dos atentados em Paris, principalmente contra mulheres.

Começo da tarde no bairro do Pari, em São Paulo. O movimento aumenta junto à mesquita, umas das maiores da cidade. É hora da segunda das cinco orações diárias dos muçulmanos. Na região de comércio popular, a maior parte dos fiéis ainda é de origem libanesa, mas o número de imigrantes de outros países, da Ásia e da África, tem aumentado muito.

Em uma comunidade como a mostrada no vídeo acima a liderança religiosa repudia fortemente o radicalismo, os atos terroristas, que são considerados uma distorção da fé islâmica.

Gaúcho do Rio Grande do Sul, convertido ao islã na juventude, o sheik Rodrigues diz que a própria palavra "islâmico" é usada indevidamente pelos terroristas do Estado Islâmico, assim como partes isoladas do livro sagrado dos muçulmanos.

“Além da distorção existe uma apropriação. Eles se apropriaram da palavra ‘islâmico’, esse estado que, entre parêntesis, que não é nem estado. E as atitudes não são nem islâmicas. Então se apropriaram no nome ‘islâmico’ para justificarem as suas atitudes que são contrárias à religião islâmica e qualquer religião”, diz o sheik da Liga da Juventude Islâmica de SP Rodrigo Rodrigues.

O resultado, segundo ele, é que o preconceito crescente contra a religião, em várias partes do mundo, já preocupa também no Brasil.
“As pessoas duvidam da gente, perseguem a gente, entra no supermercado, entra no shopping, as pessoas acham: ‘Ah, você é do Estado Islâmico, vocês apoiam isso’. Pelo contrário, nós somos contrários”, afirma.

Depois dos atentados do início do ano, em Paris, contra o jornal satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, mulheres brasileiras relataram, nas redes sociais, agressões sofridas pelo fato de usarem véus da tradição muçulmana. Uma, atingida por uma pedra, outra, ameaçada de atropelamento.
“Isso não é aceitável, a religião muçulmana é religião da paz, a religião da irmandade entre toda humanidade”, diz o sheik do Centro Cultural Islâmico de Foz do Iguaçu Abdo Nasser El Khatib.

Nesta segunda-feira (23), em uma mesquita de Curitiba, foram apresentados os casos de duas mulheres agredidas na cidade, na semana passada. Paula verbalmente.

“Xingou palavras de baixo calão, que não é viável falar agora, e cuspiu”, conta a atendente Paula Zahra.
A agressão a Luciana foi física. E surpreendente, pela autoria.

“Um senhor, acho que estava com a sua neta, uma criança. E esse senhor passou por mim, olhou, voltou e pegou a pedra e tacou na minha perna”, afirma a dona de casa Luciana Shmitt Velloso.

“Eu vou ter que tirar o meu véu pra poder andar na rua? A gente não pode mais sair com nossos filhos na rua porque a gente tem medo de ser agredida. O meu filho de 9 anos ele não vai pra escola porque ele está com medo, as pessoas falam pra ele que a mãe dele é mulher bomba. Então até quando vai respingar em nós, muçulmanos de verdade, isso?”, questiona Paula.

“Olha, o que eu falo pra minha comunidade é, primeiro: que esses atos não são da nossa religião. E nós não temos então que pedir desculpas por esses atos criminosos. E depois mostrar pras pessoas da forma simpática, mais simples e humilde que nós somos muçulmanos, somos da paz, vivemos em paz, vivemos nesse país, estamos construindo esse país também e vivemos em paz com todo mundo. Somos também prejudicados. Somos também vítimas do que está acontecendo lá”, diz Rodrigo Rodrigues.

Fonte: G1

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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