O Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima que Mato Grosso terá 3830 casos de câncer de pele em 2018. O tipo de câncer mais incidente em ambos os sexos será o de pele não melanoma (menos letal), que representa 2.770 casos. A maioria dos casos ocorrem em homens, 1290 casos podem ser registrados neste período.
As informações estão na publicação técnica ‘Estimativa 2018’, lançada em uma cerimônia do Dia Mundial do Câncer, em 2 de fevereiro, na sede do Inca, no Rio de Janeiro.
Conforme a estimativa, em Cuiabá terá 620 casos de câncer de pele. Segundo a dermatologista do Hospital de Câncer de Mato Grosso (Hcan-MT), Nathália Gripp, há dois tipos de câncer de pele, o melanoma (que é letal) e o não melanoma (não letal).
“Casos como do melanoma podem ser fatais se não houver diagnóstico e tratamento precoce. É mais frequente em pessoas de pele clara e sensível. Normalmente, inicia-se com uma pinta escura está crescendo e mudando de cor. O não melanoma se for diagnisticado precocemente. O tratamento consiste na grande maioria dos casos em cirurgia para retirada da lesão com uma margem de segurança”, conta ao Circuito Mato Grosso.
A dermatologista ainda conta que, os principais fatores de risco para o desenvolvimento dos tumores são a pele clara e a exposição solar crônica, algo muito comum em nosso país, e em regiões muito ensolaradas. Porém, a doença não é só transmitidas pelo sol.
“A forma mais comum de transmissão é pelo sol, porém, há outras formas de transmissão como verruga associada ao (HPV), principalmente no genital. Pessoas que estão com outras doenças que diminuem a imunidade ou uso de algum medicamento. Também, as pessoas que trabalham com radiação e com química”, disse Gripp.
A médica conta que, a melhor forma de prevenção ainda é o uso adequado do protetor solar. “A prevenção deve começar cedo – sabe-se que o surgimento destes tumores está relacionado com a quantidade de sol tomada durante a vida e não simplesmente em uma situação ou outra. Portanto, principalmente para pessoas de pele clara que vivem em áreas muito ensolaradas, necessitam tomar precauções para diminuir a exposição solar de forma continuada durante toda a vida, desde a infância, com o uso de roupas adequadas, chapéus e filtros solares”, disse a médica.
HCanMT realizou cerca de 8 mil consultas dermatológicas em 2017
O Hospital de Câncer de Mato Grosso, realizou 2.027 consultas com dermatologistas em Cuiabá e 5.982 exames preventivos em campanhas pelo interior do Estado. A dermatologista Nathalia Gripp esteve nestas campanhas e conta o que viu.
“A gente visitou sete municípios por mês e atendemos 100 pacientes por dia. Em média 20% vai fazer biopsia ou são encaminhados para realizar a cirurgia no Hospital de Câncer, em Cuiabá. Fora estas pessoas que estão sendo encaminhadas ao Hospital, tem pessoas que percebemos que tem lesões vermelhas, que consideramos pré-câncer”, relata Gripp.
Conforme a médica, a grande parte destas pessoas são homens que fazem trabalho braçal. “Agricultor, pedreiro, garis, entre outros. Pessoas que tem um contato direto no sol e que não se cuidam”, falou.
O cidadão pode fazer um autoexame, porém é importante que se houver suspeita, procure um dermatologista. “Algumas manchas que mudam de cor, uma lesão que começou a sangrar e pintas que estão crescendo e mudando de cor. Para saber, corte a pinta no meio e se mudar de cor, de tamanho ou houver um sangramento procure um médico. Porém orientamos sempre que a melhor forma de descobrirainda é frequentar anualmente um dermatologista”, frisou.
Dicas para escolher o protetor correto
A dermatologista explica ainda que quanto mais clara a pele, o protetor deve ter o filtro mais alto. Segundo a médica, as pessoas que não trabalham no sol ou que não tem contato constante, o ideal é o protetor fator 30, caso o contrário um protetor fator 50 deve ser reaplicado constantemente.
Na hora da compra do protetor devemos prestar atenção em algumas informações na embalagem, como enfatiza a dermatologista. “ Tem que identificar se o protetor é bom. É bom observar se constar na embalagem se tem proteção a ultravioleta A, e se for entrar em água ver se tem a prova d’água e o tempo que dura em contato com a água”, disse.
O Circuito Mato Grosso, foi até o centro de Cuiabá e conversou com oito pessoas e seis delas disseram não usar o protetor solar. Entre eles, o vendedor de picolés, Manoel Carlos, que há 20 anos trabalha exposto ao sol escaldante da Capital.
Ele conta que não usa nenhum tipo de protetor solar e que nunca usou na vida. “Eu não uso, sei que deveria usar, pois fico o dia todo e todos os dias neste sol. Porém, continuo sem usar. Algumas vezes ando um pouco e outras vezes fico aqui na Praça Ipiranga sentado na sombra”, conta Manoel.
Segundo a dermatologista, existe outras formas de se prevenir além do protetor solar, porém a melhor prevenção é o protetor, mas tem alguns alimentos que atuam como antioxidante como por exemplo, o café, alho, cranberry e vinho.
Depois de pele não melanoma, os dez tipos de câncer mais incidentes no Brasil serão próstata (68.220 casos novos por ano), mama feminina (59.700), cólon e reto (mais comumente denominado câncer de intestino) (36.360), pulmão (31.270), estômago (21.290), colo do útero (16.370), cavidade oral (14.700), sistema nervoso central (11.320), leucemias (10.800) e esôfago (10.790).
Entre as mulheres: As maiores incidências serão de cânceres de mama (59.700), intestino (18.980), colo do útero (16.370), pulmão (12.530), glândula tireoide (8.040), estômago (7.740), corpo do útero (6.600), ovário (6.150), sistema nervoso central (5.510) e leucemias (4.860).
Entre os homens: Os cânceres mais incidentes serão os de próstata (68.220), pulmão (18.740), intestino (17.380), estômago (13.540), cavidade oral (11.200), esôfago (8.240), bexiga (6.690), laringe (6.390), leucemias (5.940) e sistema nervoso central (5.810).
O estudo revela o perfil de um país urbanizado, industrializado e com população em processo de envelhecimento, que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina e intestino entre os mais incidentes, em linha com países desenvolvidos do Ocidente. Mas o trabalho também revela que o Brasil continua a conviver com a incidência de cânceres associados a infecções, como o câncer do colo do útero e estômago, que possuem alto potencial de prevenção e costumam ser mais incidentes em países de baixo e médio desenvolvimentos.
O câncer engloba um conjunto de doenças, cada uma com características e fatores de risco próprios, cujo denominador comum é a reprodução desordenada de células. O câncer é uma doença multifatorial, ou seja, pode ser causada por diversos fatores.
A longevidade, urbanização, globalização e exposição aos fatores de risco ambientais e ocupacionais, bem como fatores reprodutivos e hormonais e o histórico familiar de câncer, estão entre as principais causas da doença. Mas cerca de um terço dos casos de câncer poderia ser prevenido.