A perda de competitividade no mercado internacional e também nos grandes centros do País pode ser o preço a ser pago por Mato Grosso por conta da precariedade da logística em boa parte do Estado. “A gente olha e vê o seguinte: da porteira pra dentro, em nível de tecnologia, o produtor já teve grandes avanços. Agora resta melhorar a questão da infraestrutura principalmente de transporte, fazer com que esse produto que é produzido no Centro-Oeste brasileiro chegue com competitividade a outros mercados”, apontou o diretor executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato-MT), Seneri Paludo.
Pesquisa elaborada pelo Projeto Centro-Oeste Competitivo, cuja íntegra será divulgada no mês de setembro, aponta que os problemas com a logística de transporte enfrentada por produtores de toda a região Centro-Oeste encarecem em até R$ 2,4 milhões o preço pago pelo frete por safra de produção.
O especialista Olivier Roger Sylvain Girard, sócio da empresa Macrologística, que realizou o estudo, também acredita que caso investimentos logísticos não sejam iniciados imediatamente no Centro Oeste, a região poderá perder sua competitividade no agronegócio nos próximos anos. “Sem investimentos, a competitividade vai ficando cada vez menor. Os custos de produção vão ficar cada vez maiores, por causa dos custos com logística”.
Sobre o déficit armazenagem, de acordo com dados do Conab e do Imea o Estado de Mato grosso tem um déficit muito alto. São quase 40 milhões de toneladas e o investimento chegaria a ordem de mais de R$ 5 bilhões para poder atender toda demanda.
“É uma perda para o Estado, porque basicamente hoje se armazena grãos e comodditys em caminhões que já leva isso até os portos. Isso faz com que o produtor tenha que, ao colher, já imediatamente exportar, não tendo uma condição de barganhar ou poder praticar a venda do produto durante o período de entre safra e consequentemente, ter um retorno maior”, analisa o secretário Francisco Vuolo.
Segundo ele, o Plano Safra do Governo Federal deverá facilitar muito o investimento nesse setor, com juros subsidiados, taxas de 3,5% ao ano, com 15 anos para pagamento. “Acredito que vamos poder pelo menos, equilibrar o fluxo de escoamento de nossa produção e dar ao produtor a condição de poder armazenar em estoques e armazéns particulares e ter um ganho maior”.