Segundo Maurício Tonhá, produtor o produtor rural e ex-prefeito do município de Água Boa, Mato Grosso poderá injetar na economia brasileira, anualmente, US$ 7 bilhões em dez anos, quando a produção será de 100 milhões de toneladas de grãos, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Tonhá também apontou o déficit em armazenagem, que atualmente é de 25 milhões de toneladas. Ele ainda evidenciou a disparidade dos custos com frete mesmo dentro do Brasil. Em Mato Grosso, o frete é de aproximadamente US$ 133 por tonelada, enquanto no Paraná é de aproximadamente US$ 43.
Na comparação entre países, o custo para escoar de Mato Grosso também é bastante alto. Para escoar o grão de Sinop à China, maior compradora de soja brasileira, gasta-se US$ 190 por tonelada transportada, enquanto os argentinos, que fazem fronteira com o Brasil, gastam US$ 102, ou seja, US$ 88 a menos.
Isso tudo porque a infraestrutura logística do estado não acompanha sua vocação. No Brasil, o sistema de transporte é feito com apenas 13% de hidrovias, 25% de ferrovias e 58% por rodovias, que possui o maior custo.
O diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), general Jorge Fraxe, palestrante no painel, falou que o Brasil não tem a cultura de planejar ações e que, no agronegócio, é necessário avaliar o cenário desde o plantio até a armazenagem e o transporte. “Só assim teremos como saber a dimensão do sistema logístico, pois é muito mais que uma estrada e um caminhão”, frisou.
Sobre a necessidade de planejar o futuro, ele disse que os produtores precisam de uma estratégia de guerra para sobreviver e fomentar a produção.
Ainda segundo o diretor-geral do Dnit, agora é o momento de se avaliar a duplicação da BR-163 e de outras rodovias. Para um melhor planejamento, Fraxe anunciou que serão implantados 320 pontos eletrônicos para registrar o número de caminhões que passam pela rodovia.
A questão indígena e a extensão territorial são apontadas como motivos da demora em se viabilizar muitos programas de pavimentação. Mesmo assim, o general Fraxe entende que "o Brasil está fazendo o planejamento no tempo certo do seu desafio".