No bairro Jardim Vitória, assim com em outros da periferia da capital e do interior do Estado, há exemplos claros de que a arrecadação não está chegando ao cidadão contribuinte. Lá os moradores convivem com a falta de investimento público. O problema começa na porta de casa com a falta de saneamento e vai parar dentro das residências com a carência de estrutura e condições mínimas de sobrevivência.
Entre as famílias carentes da região está a de Eliane Nunes de Souza, 29 anos, que é desempregada e mãe solteira de três filhos. Para conseguir colocar comida na mesa, Eliane depende do avô de consideração, que com o salário mínimo de aposentado sustenta oito pessoas.
Sem condições de pagar as contas de casa, a jovem recorre à assistência social e projetos no bairro, pois enfrenta dificuldade pra arrumar emprego pois não tem onde deixar os filhos, que antes eram quatro, mas um morreu ainda bebê após pegar o vírus da dengue.
“Minha única saída era deixar meus dois filhos na creche, enquanto uma vai para a escola, assim eu teria tempo para trabalhar. Mas por descaso do governo, a creche que fica na minha rua está com a obra parada há cinco meses, dificultando ainda mais a minha situação”, lamenta a dona de casa.
Na casa de três peças, Eliane mostra a sala, local onde ela e mais os três filhos dormem por falta de espaço. E mostrando a geladeira, que está cheia, ela conta que tem de fazer a comida durar o mês inteiro, mesmo tendo oito pessoas para alimentar.
E somando a todas essas dificuldades, Eliane lembra do filho que aos nove meses morreu vitima do vírus da dengue. “O esgoto que passa na porta da minha casa foi o responsável pela morte do meu filho, pois é um criadouro de mosquito. E para piorar, quando o levei para o médico, disseram que era virose e a dengue hemorrágica só foi descoberta já na fase terminal”, conta.
Na mesma rua foram encontrados vários casos de famílias que têm alguém desempregado, ou que os avós cuidam dos netos para os pais trabalharem.