Na notificação recomendatória expedida pelo promotor de Justiça Carlos Eduardo Silva consta a limpeza e desobstrução das bocas de lobos existentes nas vias públicas no entorno do terreno, retirada do material que se encontra depositado no pé do talude sobre a canaleta de escoamento de água pluvial, isolamento ou demolição das casas existentes e a utilização das técnicas necessárias para evitar deslizamentos no local.
“A morosidade no encaminhamento de soluções e o agravamento das chuvas acarretaram novos transtornos nas vias públicas da região, especialmente em virtude de alagamentos ocasionados pela movimentação de terra que sobrecarrega a drenagem existente numa das ruas laterais do viaduto”, alertou o MPE, em um trecho do documento.
Segundo o MPE, relatório elaborado pela Defesa Civil do Município apresenta preocupações quanto à instabilidade do terreno e os sérios riscos à vida e à integridade física dos moradores residentes na referida área de risco. “O incluso relatório técnico produzido por engenheiros e geólogos a serviço do Ministério Público não deixa dúvidas dos sérios riscos à segurança da população que circula no local, ante a instabilidade das condições do terreno e das estruturas das residências edificadas na localidade”.
Após ter sido provocada pelo Ministério Público, a Secopa informou que já foram adotadas as providências para realização de licitação visando a contratação de empresa para a realização das obras no local, mas o cronograma para a resolução do problema ainda não foi indicado.
Erro em obra é ignorado pela Secopa
Lá se vão 11 meses após vir à tona a falha no corte feito no barranco localizado bem ao lado do viaduto do Despraiado, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, e nada de a Secretaria Extraordinária da Copa 2014 (Secopa) tomar providências para que a empreiteira responsável pela obra construa o murro de arrimo.
A cada chuva o barranco desliza e inclusive uma casa está a poucos centímetros de desabar e tomar um dos lados da pista da Avenida Miguel Sutil, o que coloca em risco os transeuntes e condutores, porque apenas a proteção de zinco que ali foi colocada não seria capaz de conter os escombros.
Mário Cavalcanti de Albuquerque, geólogo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MT), disse ao Circuito Mato Grosso que o corte praticado colocou a rocha em exposição, abrindo a possibilidade de deslizamentos em época de chuvas. E a previsão do especialista vem se concretizando.
Caso a contenção tivesse sido feita previamente, com a correção da instabilidade do talude, não haveria riscos de uma possível erosão. Consequentemente, não haveria situação de insegurança para a população local.
A queda de barranco é causada pela perda da coesão do material. E a sucessão de períodos de chuva seguida de períodos de estiagem começa a formar no solo trincas e rachaduras que vão aumentando com o tempo.
Diante do risco e com muito custo a Secopa retirou os moradores de residências que estavam mais em risco de desmoronamento.