Acampados desde a noite de quinta-feira (7) na Rua Neto Campelo, onde mora o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, os integrantes do Movimento Ocupe Estelita deixaram neste sábado (9) o local, após receberem uma ordem do Tribunal de Justiça. O documento foi entregue por um oficial de Justiça, por volta das 10h, acompanhado por representantes da Procuradoria-Geral de Pernambuco e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quando ficou acertada a desocupação ao meio-dia.
Os manifestantes protestam contra o projeto da prefeitura, que prevê, entre outros pontos, a construção de 12 prédios, área comercial, hotéis, restaurantes, bares e estacionamentos na área do Cais José Estelita. O local ainda preserva vestígios de edificações históricas abandonadas, como antigos armazéns de açúcar e galpões. O prefeito Geraldo Júlio sancionou a lei aprovada pela Câmara Municipal, na última segunda-feira (4), definindo as novas normas de ocupação dos cais José Estelita e Santa Rita e área do Cabanga.
Em nota divulgada nas redes sociais, o Movimento Ocupe Estelita afirmou que a desocupação não representa a desmobilização do protesto. “A saída da casa do prefeito não é uma desmobilização. Este é um momento de alerta máximo. O Estelita está ameaçado”, diz a nota, acrescentando que a ocupação foi uma demonstração da força de mobilização do povo recifense contra a lei aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito.
“O Recife exige a revogação da lei referente ao Plano Urbanístico para a área do Cais José Estelita”, declarou o grupo, que também pediu a instauração de uma mesa de diálogo entre eles e a prefeitura, com mediação do Ministério Público de Pernambuco, para a revisão do Projeto Novo Recife. O Movimento Ocupe Estelita ainda conclamou a população a denunciar qualquer movimentação no cais José Estelita e enviar fotos e comentários nas redes sociais.
Durante a semana, manifestantes atenderam à convocação dos organizadores e se reuniram para protestar contra o projeto. Os críticos da iniciativa apontam prejuízo à memória nacional e o aspecto segregador do projeto, uma vez que o terreno de 105 mil m², localizado em área histórica e considerado importante cartão-postal da capital pernambucana, passará a ser propriedade da iniciativa privada. Parte dos moradores da cidade, no entanto, é favorável a que o Poder Público dê nova destinação ao local, que, segundo eles, está abandonado e é frequentado por criminosos e usuários de drogas.
O Consórcio Novo Recife, responsável pelas obras no local, rebate as críticas, alegando que cerca de 90 mil m² da área serão destinados à construção de um parque público. O consórcio também informa que as futuras atividades comerciais vão gerar 2,5 mil empregos na área que hoje “encontra-se bastante degradada e subutilizada”. Em nota, a prefeitura sustenta que a aprovação da matéria “encerra um processo de amplo debate com os diferentes segmentos da sociedade”.
Fonte: iG