A II Mostra Etnomídia Indígena – Entidades Virtualizadas – além de disponibilizar gratuitamente vídeos sobre a temática indígena em seu canal no Youtube (link: https://www.youtube.com/channel/UCo_3kOzb9c_OUuXpkjUrTBw) e nas páginas do evento por uma semana, também irá transmitir as obras em quatro aldeias de Mato Grosso.
De acordo com a organização, o objetivo é privilegiar algumas das comunidades do estado de forma a democratizar o acesso à eventos apoiados pelas Leis de Incentivo à cultura no estado.
Segundo Renata Tupinambá, curadora do evento, os vídeos serão transmitidos nas Aldeias Vila Nova Barbecho, do povo Chiquitano, na Aldeia Umutina, do povo Umutina-Balatiponé, e nas Aldeias Meruri e Naburi Eiao, do povo Boe-Bororo.
“Mídias indígenas auxiliam na difusão das informações e culturas. Esse festival promove o empoderamento de comunicadores indígenas e da importância do trabalho realizado por todos na defesa dos territórios, fortalecimento político e pautas variadas sobre tudo que precisa de visibilidade. Indígenas são ainda uma realidade invisível para grande parte da população que desconhece na contemporaneidade suas histórias e mundos”, afirma a comunicadora sobre a importância do evento e a garantia da transmissão em comunidades indígenas.
Segundo o psicólogo Soilo Urupe Chue, liderança do povo Chiquitano, a Aldeia Vila Nova Barbecho já está se preparando e a mostra deve acontecer no barracão da comunidade.
Já o bacharel em direito Liberio Uiagumeareu, liderança do povo Boe-Bororo, informou que antes das transmissões dos vídeos, a comunidade irá realizar debates sobre os temas abordados em cada filme.
A segunda edição será realizada após a aprovação do projeto pelo edital Feiras e Festivais da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso (Secel), por meio da Lei Aldir Blanc.
OBRAS DA II MOSTRA ETNOMÍDIA
Segundo a curadora da programação, entre as obras selecionadas está Kaapora – O Chamado das Matas de Olinda Muniz Tupinambá. A narrativa mostra a ligação dos Povos Indígenas com a Terra e sua Espiritualidade, do ponto de vista de Olinda, que desenvolve projeto de recuperação ambiental nas terras de seu povo. Tendo a cosmovisão indígena como lente, a Kaapora e outros personagens espirituais são a linha central da narrativa e argumento do filme.
Outra obra que não poderia ficar de fora é o documentário mato-grossense do jovem Rafael Irineu, que conta a história e mostra o cotidiano de Majur, que é uma porta-voz indígena LGBTQI do povo Bororo-Boe, da região de Rondonópolis.
O documentário Mandayaki e Takino, que é o registro feito por um casal de seus filhos pequenos, também está confirmado. O casal Yariato e Dadiwa produzem, sem pretensão, uma micro etnografia de um momento da vida doméstica em uma aldeia yudjá, na Terra Indígena Xingu, no Mato Grosso.
Outro documentário mato-grossense que será transmitido é Tecendo Nossos Caminhos, que mostra seis anciãos do povo Manoki da Amazônia brasileira que ainda falam o idioma indígena, um risco iminente de perderem essa importante dimensão de seus modos de existência.
Contudo, além dos documentários, a Mostra também irá disponibilizar o vídeo clip de Matsy Waurá, que pertece ao povo Kayapó e Waura, que habita o território indígena Capoto/Jarina e T.I Xingu. Membro do Movimento Mebengôkre Nyre de jovens indígenas, é artista, compositor, defensor dos direitos humanos e ativista da causa indígena e ambiental.