O corpo do policial militar Caio Ignacio Cardoso de Melo, que foi dublador do personagem Harry Potter, foi sepultado por volta das 17h desta quinta-feira (1º), no Cemitério Nossa Senhora do Belém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Cerca de 700 pessoas compareceram ao enterro. Entre elas, estavam familiares, amigos e o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.
A família de Caio contou que desejava que ele deixasse a PM. "A gente sempre falou que era para ele sair, que ele não precisava disso, que ele tinha uma outra profissão. Mas ele dizia, o que me conforta muito, que se morresse em combate era para proteger a sociedade e morreria feliz", disse a prima Kelly Santos.
O corpo do policial foi enterrado sob honras militares. Para José Mariano Beltrame, a morte de Caio e outros sete policias de UPPs neste ano não foi em vão. "Pode ser o oitavo policial morto em UPP esse ano, mas esse ano eles mesmos salvaram 1.119 vidas. Nós estamos fazendo um processo aqui no Rio de Janeiro, que é difícil como vocês sabem", afirmou Beltrame.
O secretário disse ainda não ter dúvidas de que a morte de Caio na Fazendinha, no Conjunto de Favelas do Alemão, foi uma retaliação. "Perdemos um policial aqui vocacionado que não tinha a necessidade de ficar na polícia. Muita gente pedia que ele saísse, mas ele queria ficar porque acreditava no projeto. Ele morreu, sem dúvida nenhuma, como retaliação por causa das 30 prisões que fizemos ali naquele lugar, na semana passada", concluiu ele.
Entre os presentes no enterro, estavam amigos que Caio fez na profissão de dublador, como Luisa Palomanes e Charles Emmanuel, que faziam as vozes de Hermione Granger e Ron Weasley nos filmes de "Harry Potter". Segundo eles, Caio tinha o sonho de ser PM, mas nunca deixou de ser dublador.
"Nós três, eu, o Caio e a Luisa, dubladora da Hermione, a gente começou a dublar desde pequeno mesmo. Em 2001 (época do primeiro filme), eu estava com 12 anos, ele devia estar com 12 anos e meio. Desde de sempre, os oito filmes, ele dublou o Harry. E também dublou o Daniel Radcliffe (ator de Harry Potter) em outros filmes, como 'A Mulher de preto' e outros trabalhos", disse Charles Emmanuel, a voz de Ron Weasley no filme.
Baleado durante patrulhamento
O soldado da UPP Fazendinha tinha 27 anos e foi baleado durante um patrulhamento de rotina região do Campo do Sargento. Ele morreu na tarde de quarta-feira (30).
Caio foi atingido no pescoço quando patrulhava a região e foi surpreendido por criminosos, segundo a UPP, por volta das 11h. O soldado foi levado para o hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu.
Além de PM, Caio Cesar foi dublador do personagem Harry Potter nos cinemas brasileiros. Ele deixa uma filha de 10 anos.
Operação no Alemão
Um dia após a morte de Caio, moradores relatam assustados em redes sociais um intenso tiroteio na região na manhã desta quinta-feira (1º). De acordo com a Supervia, o teleférico teve o funcionamento suspenso por volta das 6h30 por questões de segurança. Até as 8h30 não havia informações sobre feridos.
A Policia Militar informou que o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) realizava durante a manhã desta quinta-feira uma operação no Alemão. De acordo com a PM, não houve registro de presos e apreensões até as 9h20.
J.K. Rowling lamenta
A escritora britânica J.K. Rowling, autora de "Harry Potter", lamentou nesta quinta-feira a morte do policial militar e ex-dublador do protagonista dos filmes baseados na série de livros escrita por ela.
"Completamente triste em saber que Caio César, voz de Harry Potter no Brasil, morreu aos 27 anos. Meus pensamentos estão com a família", escreveu ela em seu perfil no Twitter.
Fonte: G1