O cantor, compositor e poeta canadense Leonard Cohen, responsável por "Hallelujah" e outras canções famosas na sua e em outras vozes, morreu aos 82 anos, informou a gravadora Sony Music do Canadá nesta quinta-feira (10).
“Perdemos um dos mais venerados e prolíficos visionários da música. Um memorial ocorrerá em Los Angeles em uma data posterior. A família pede privacidade durante seu período de luto”, diz o comunicado divulgado pela empresa. A causa e local de morte não foram informados.
Em 21 de outubro, um mês após seu aniversário de 82 anos, Cohen lançou "You want it darker", o último álbum de sua carreira, que permanece fiel aos seus arranjos musicais minimalistas. No disco, faz reflexões metafísicas sobre a morte. "Aqui estou, aqui estou / Estou pronto, meu Senhor", diz na canção que dá nome ao trabalho.
O álbum anterior é "Popular problems", de 2014, produzido por seu filho Adam Cohen e que faz referências às suas recordações de infância em Montreal, com coros da sinagoga Shaar Hashomayim.
Reclusão budista
Cohen se retirou da cena artística nos anos 1990, e em 1996 ficou recluso em um monastério budista na região de Los Angeles. Voltou à música em 2001 por uma razão pouco espiritual, quando descobriu que seu agente, Kelley Lynch, havia roubado grande parte de sua poupança.
Carreira literária
Leonard Norman Cohen nasceu em 21 de setembro de 1934, em Montreal. Ele aprendeu a tocar guitarra flamenca e formou um grupo chamado Buckskin Boys, de música country. Aos 17 anos, escreveu seus primeiros poemas, inspirado por autores como Federico García Lorca. Na mesma época, entrou na universidade McGill, em Montreal.
Antes de se tornar popular como músico, o artista publicou a coleção de poesias "Flowers for Hitler" (1964) e os romances "The favorite game" (1963) e "Beautiful losers" (1966).
Frustrado com as baixas vendas de livros e cansado de trabalhar na indústria de roupas de Montreal, ele visitou Nova York, nos Estados Unidos, em 1966. Lá, conheceu a cantora folk Judy Collins, que mais tarde incluiu duas de suas canções, incluindo o sucesso inicial “Suzanne”, em seu álbum “In my life”.
Seu círculo de amigos em Nova York incluiu ainda Andy Warhol, empresário, pintor e cineasta norte-americano.
Estreia na música
Cohen estreou na música com o disco "Songs of Leonard Cohen" (1967), considerado uma obra-prima. O álbum inclui canções como "So long, Marianne" e "Suzanne".
Sua voz grave e profunda e seu elaborado estilo literário, que mistura reflexões românticas com temas espirituais e existenciais, abriram passagem na cena folk americana, na qual figuravam também Bob Dylan, Joni Mitchell, entre outros artistas.
Sua premiada carreira, uma referência para cantores de todas as gerações, inclui outros discos aclamados, como "Songs of love and hate" (1971), "I'm your man" (1988) e "Various positions" (1985), onde aparece "Hallelujah", uma meditação sobre amor e sexo.
Cohen também escreveu músicas para Judy Collins, James Taylor, Willie Nelson e muitos outros. Durante os anos 1970, partiu na primeira das muitas e longas e intensas turnês que ele repetiria no final de sua carreira. “Uma das razões pelas quais estou em turnê é conhecer pessoas”, disse à revista "Rolling Stone" em 1971.
Vida pessoal
O artista manteve uma relação com Suzanne Elrod durante a maior parte dos anos 70. O casal teve dois filhos: a fotógrafa Lorca Cohen e o músico Adam Cohen, que lidera o grupo Low Millions. Ele teve romances duradouros também com as cantoras Laura Branigan, Sharon Robinson, Anjani Thomas e Jennifer Warnes.
Embora nunca tenha abandonado o judaísmo, Cohen atribuiu ao budismo a redução de seus quadros depressivos.
Recentemente, especialistas questionaram a razão de o prêmio Nobel de Literatura ter sido concedido ao também músico Bob Dylan, e não para o artista canadense.
Fonte: G1